Cruzeiro cauteloso: escolha ou desgaste?

Problemas técnicos impediram este blog de publicar análises mais aprofundadas sobre os dois últimos jogos pelo Brasileirão. Inclusive, estive in loco no empate sem gols contra o Sport na Arena Pernambuco. De volta à ativa, darei portanto breves pitacos nestas partidas e também na partida de ontem contra o ABC pela Copa do Brasil.

Há no futebol (e no esporte em geral) uma velha máxima: a melhor defesa é o ataque. Em alguns casos, de fato: se você está atacando, o adversário não está te atacando e, portanto, você nem precisa defender. Mas essa é uma visão muito simplista. O correto é dizer: a melhor defesa, em alguns casos, é o ataque. Ou melhor: a melhor defesa nem sempre é o ataque.

Depois da derrota no clássico, o Cruzeiro jogou três partidas. E pelo menos um aspecto houve em comum em todas elas, ocasionado por diferentes razões: o Cruzeiro foi mais cauteloso. Quando tinha a bola, preferia cadenciar em vez de atacar com muita intensidade, como fez bastante em 2013, para diminuir as chances de um passe errado que gere contra-ataques. Sem a posse, a equipe preferiu esperar na linha divisória, compactada em bloco médio, em vez de pressionar alto e forçar o erro do adversário.

Coritiba 1 x 2 Cruzeiro

No Paraná, o Cruzeiro fez um dos melhores primeiros tempos que vi neste ano defensivamente. O Coritiba – armado numa espécie de 4-3-3 que variava para 4-3-1-2 de acordo com o posicionamento de Alex (leia mais aqui) – teve tempo na bola, mas não conseguia entrar nas linhas celestes. Alex, ídolo nos dois clubes, não conseguia receber a bola em espaços perigosos porque o Cruzeiro os ocupava. Isso forçava o craque a voltar até na linha de zagueiros para receber a bola e tentar ver o jogo. Sem alvos, acabava devolvendo para outro zagueiro ou um volante e voltava a correr pra frente.

Tudo isso porque a postura defensiva do Cruzeiro estava diferente. Não foi o time que joga e deixa jogar: o Cruzeiro procurou primeiro destruir – ou no caso esperar o erro do adversário – para depois construir. Com a bola recuperada, aplicou velocidade suficiente pelos lados para criar as jogadas dos dois gols: um escanteio que gerou o pênalti em Nilton e um lançamento para Ceará, que avançou até achar Éverton Ribeiro livre do lado esquerdo.

No segundo tempo, o Cruzeiro relaxou um pouco, talvez pelo desgaste físico, e o Coritiba chegou mais perto da área, até pela entrada de Martinuccio no time na vaga de um dos volantes. Mas o Cruzeiro não quis explorar os novos espaços e se contentou em absorver a pressão do time da casa, que até marcou um gol, mas depois esbarrou no eficiente sistema de marcação celeste.

Sport 0 x 0 Cruzeiro

Nesta partida, pude observar de perto esta nova postura. Contra um Sport armando no mesmo 4-2-3-1 que o Cruzeiro, eu torcia constantemente para que Moreno avançasse em cima de um dos zagueiros pernambucanos e que os meias subissem a marcação atrás dele, mas isso não acontecia. Em um momento, consegui enxergar todos os dez jogadores de linha em um espaço de não mais que 15 metros: uma compactação que não deixava o Sport jogar e que deu tranquilidade a Fábio. Não sofrer gols foi uma consequência natural.

Atacando, o Cruzeiro até que teve algumas chances, mas da arquibancada eu sentia pouca aproximação entre os três meias, tão costumeira. O desgaste físico da viagem de Curitiba para Recife, e com jogos em espaço de tempo tão curto, parece mesmo ter feito alguma diferença. Sem essa proximidade, o jogo do Cruzeiro não fluía com a mesma intensidade, e o time pernambucano tinha seu trabalho de marcação facilitado.

Mesmo assim, foi o Cruzeiro quem criou mais chances, teve mais a bola nos pés e chutou mais a gol, principalmente no segundo tempo. Mas não foi suficiente para tirar o outro zero do placar.

Cruzeiro 1 x 0 ABC

O cansaço acusado pelos jogadores no Recife forçou Marcelo Oliveira a lançar mão de seu bom elenco, mandando a campo uma formação alternativa para o jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. Aqui, a razão para a falta de intensidade ofensiva e defensiva era a falta de ritmo e entrosamento. Borges, Dagoberto, Marlone e Willian não conseguiam muito se achar em campo, permanecendo muito estáticos em suas respectivas faixas do campo, sem as trocas costumeiras.

Some-se a isso o fato de que o time potiguar veio para perder de pouco, como esperado, e mal se aventurou no ataque para não ceder espaços. Com o time todo atrás, cabia a Nilton e Willian Farias iniciarem a construção. Mas ambos são volantes mais marcadores que passadores e tiveram certa dificuldade. No segundo tempo, Ricardo Goulart, que estava sendo poupado, entrou e, como mágica, o time instantaneamente melhorou. É impressionante como Goulart praticamente força seus companheiros a se mexerem, saindo do centro e caindo pelas pontas. Assim, quem está nas pontas procura o meio e isso acaba confundindo a marcação.

O Cruzeiro teve bem mais volume de jogo e tentou chutar mais vezes, mas o ABC continuou se defendendo bem. Faltava o capricho no último passe – sempre ele. Assim, o time potiguar não permitiu que o Cruzeiro criasse muitas chances: duas finalizações certas, sendo que só a de Egídio no primeiro tempo foi com bola rolando. A outra foi o gol de Léo, num escanteio.

Na parte defensiva, o Cruzeiro não foi tão seguro, cometeu alguns erros, mas também teve a mesma estratégia: não pressionar os zagueiros adversários no alto do campo. O ABC porém preferia entregar a bola para o Cruzeiro e tentar especular nos contra-ataques. Fábio não fez nenhuma defesa no jogo todo.

Diagnóstico: novo padrão ou resguardo?

Como vimos, nas três partidas o Cruzeiro optou por uma postura mais cautelosa defensivamente. Contra o Coritiba, fechou as linhas e esperou o adversário errar; contra o Sport, o desgaste pareceu ser o fator principal na falta de intensidade; e contra o ABC, o time reserva estava mais descansado, mas a falta de ritmo não permitiu a marcação alta.

Esta postura foi mais acentuada nas últimas partidas, mas o fato de o Cruzeiro atacar um pouco menos já podia ser visto no número de finalizações, se comparado ao do ano passado. É uma equipe que ainda ataca muito, mas menos do que antes. Duas possíveis causas: o respeito dos adversários, o que faz com que eles se armem todos atrás dificultando as ações ofensivas; e a maturidade do time, que está preferindo dosar o ritmo para não se desgastar. No fim das contas, provavelmente é uma mistura das duas coisas.

Dados da Footstats do Campeonato Brasileiro mostram: Cruzeiro finaliza menos este ano do que no ano passado

Dados da Footstats do Campeonato Brasileiro mostram: Cruzeiro finaliza menos este ano do que no ano passado

Fica a pergunta: seria este comportamento do sistema defensivo celeste uma nova forma de jogar ou é apenas temporária devido ao desgaste da temporada? Só saberemos de fato nas próximas partidas.

Sport 2 x 1 Cruzeiro – Era simples

(nota: este texto está sendo escrito após a derrota vergonhosa contra o Figueirense, portanto pode estar um pouco mais carregado do que deveria.)

O futebol, na maioria das vezes, não é simples nem lógico. Mas na partida entre Cruzeiro e Sport, no último fim de semana na Ilha do Retiro, o futebol foi exatamente isso: lógico, simples. Mas nosso treinador não conseguiu enxergar isso, fez as mexidas de sempre que alteraram apenas a característica dos jogadores sem alterar o sistema, e por isso amargamos a segunda derrota seguida.

Acompanhe o raciocínio: ganha o jogo quem faz mais gols, certo? Mas faz mais gols quem cria mais chances, e quem cria mais chances é quem tem mais a bola nos pés. Para ter mais posse é preciso ganhar o meio-campo, e para isso é só ter mais jogadores no setor. Logo, quem tiver domínio do meio-campo — por consequência — pode fazer mais gols e vencer. É claro que na maioria das vezes não é assim, mas nesta partida foi o que aconteceu.

O 4-3-1-2 losango cruzeirense que sofreu no meio-campo com o 4-3-3-0 do Sport e com um esquema falho de cobertura a Everton

Cruzeiro de Celso Roth no mesmo 4-3-1-2 em losango das últimas partidas: Fábio no gol, defesa com Léo mais preso na direita, Donato e Mateus na zaga e Everton bem avançado na esquerda; meio-campo com Sandro Silva no pé do losango, Tinga e Charles pelos lados e Montillo à frente; ataque com Wallyson pela direita voltando com o lateral e WP centralizado.

Waldemar Lemos deve ter ligado para seu irmão, Oswaldo de Oliveira, técnico do Botafogo, e pegado umas dicas. A isso, ele adicionou suas próprias armas e escalou o Sport num 4-3-3-0. Isso mesmo: sem centro-avantes, com um volante mais plantado e dois mais avançados, e três meias. Saulo no gol teve Cicinho (aquele mesmo) pela lateral direita, Edcarlos e Diego Ivo na zaga e Willian Rocha na lateral esquerda; Tobi foi o volante plantado, liberando Rithely e Moacir para se juntarem ao trio ofensivo formado por Felipe Azevedo aberto na esquerda, Gilsinho pela direita e o falso nove Hugo.

Basicamente, eram seis jogadores do Sport contra quatro do Cruzeiro no meio-campo. Sem qualidade de passe, o Cruzeiro recorria à ligação direta e até ganhava algumas bolas, mas a segunda bola era sempre do Sport, pelo simples fato de ter dois a mais no meio-campo — setor onde a maioria das bolas aéreas era disputada. Assim, o Sport teve mais posse de bola do início ao fim da partida — 57,16% contra 42,84%, a segunda pior posse do Cruzeiro no campeonato — e não perdeu o controle do meio-campo em nenhum momento. O Cruzeiro ainda saiu na frente, com Wallyson em jogada de velocidade e marcação pressão, e teve outras chances de marcar. Mas foi muito mais porque era ligeiramente superior na técnica do que pelo sistema tático, mesmo com Montillo praticamente inexistente no jogo.

Some-se a isso o fato de o Sport ter executado muito bem sua própria proposta tática — e o Cruzeiro cair na armadilha. Um falso nove é assim chamado porque joga centralizado, aparecendo na área para concluir como um centro-avante, mas não fica preso a ela e volta para compor o meio-campo, buscar a bola e participar da articulação. É uma espécie de híbrido entre um 10 e um 9 clássicos. E a principal vantagem de usar um jogador nessa função é a de abrir espaços para os companheiros explorarem, arrastando adversários consigo e tirando-os do caminho. Os melhores exemplos são os gols do Sport: no primeiro, Rithely aparece sozinho, sem ser incomodado, para cabecear com muito mérito de primeira por cima de Fábio, adivinhando que o goleiro sairia do gol para “abafar” o lance.

O segundo gol ainda teve um agravante: o buraco na esquerda da defesa, que causava um efeito cascata. Everton jogava avançado e, nos jogos anteriores, sempre tinha a cobertura de um dos três volantes, transformando o time num 4-2-3-1 temporariamente. Mas desta vez isso não aconteceu, e quem teve que ir cobrir as costas do lateral-volante era o zagueiro Mateus. Com isso, Sandro Silva afundava na zaga para recompor, ora na direita, ora dentro da área, fazendo o número de jogadores no meio ser ainda menor. Às vezes nem isso acontecia e o buraco simplesmente ficava lá: veja na imagem abaixo o momento do segundo gol, de Gilberto, que tinha acabado de entrar no jogo. Ele tabelou com facilidade com Rithely e apareceu exatamente no espaço aberto para decretar a virada.

Um hectare de espaço para Gilberto

Nem cabe uma análise mais aprofundada, porque o jogo foi praticamente inteiro assim. Diego Renan entrou no lugar de Donato, empurrando Leo para a zaga e mantendo o esquema; Tinga saiu para a entrada de Lucas Silva, também sem alterar a formação. A única nota tática quase não-digna de menção foi a entrada de Anselmo Ramon no lugar de Wallyson. Anselmo foi jogar dentro da área com WP, acabando por incentivar ainda mais o chuveirinho e a bola longa, ao invés de atacar o problema principal: o meio-campo sem posse de bola.

No fim da partida, Celso Roth disse que foi uma derrota inexplicável, que era jogo para ganhar. Concordo com a última afirmação apenas, porque em relação à primeira, é só ler o que eu escrevi aí em cima.

Reitero: o futebol vai contra a lógica em muitas ocasiões. Mas quando ele vai com a lógica, é preciso perceber isso. Se na derrota para o Botafogo o treinador teve pouca culpa, nesse caso o revés cai sim, infelizmente, nos ombros de Celso Roth.

Cruzeiro 1 x 0 Sport – Mineiramente

Pequenos passos. Assim o Cruzeiro tem evoluído no Brasileirão, sem entretanto perder o terreno conquistado. Com muitas dificuldades, principalmente ofensivas, o time celeste conseguiu furar o muro duplo do Sport construído pelo ex-técnico azul Vágner Mancini e venceu a segunda partida seguida.

Formações

O 4-2-3-1 do Cruzeiro com Montillo de volta ao meio-campo e Fabinho e Tinga pelos lados, além de Everton na lateral esquerda

O Cruzeiro veio para o jogo com as alterações previstas: Everton ganhou a vaga de Marcelo Oliveira na lateral esquerda, Fabinho barrou Souza e apareceu pela direita ao lado de Montillo, recuado para o meio-campo, no 4-2-3-1 armado por Celso Roth. O Sport veio com a intenção de bloquear os flancos do adversário e se postou num inesperado 4-1-4-1, com Felipe Azevedo sozinho à frente, os meias Thiaguinho e Marquinhos Gabriel fechando pelos lados e Hamilton entre as duas linhas de quatro, com o papel de marcar Montillo – para variar.

Com a bola

O resultado direto foi que Diego Renan, Amaral, Charles e Everton tinha cada um um adversário à frente, com poucos alvos e nenhum espaço para onde destinar o passe: WP ficou mais uma vez trombando com os zagueiros Bruno Aguiar e Edcarlos; Fabinho brigava com o lateral esquerdo Rivaldo e às vezes ganhava, mas pecava no último passe; Tinga se movimentava mais verticalmente do que lateralmente, e não oferecia amplitude pela esquerda, e Montillo tentava fugir de Hamilton se movimentando por todo o campo, mas perdeu o duelo para o camisa 2 do Sport no primeiro tempo. O Cruzeiro sentiu falta de um volante com qualidade de primeiro passe. Na teoria, este homem é Charles, mas o camisa 7 ainda precisa desenvolver mais este fundamento.

Assim, Leo e Mateus trocavam passes até eventualmente tentarem um lançamento longo na direção dos meias abertos ou de WP, mas que quase sempre resultava na concessão da posse de bola. Mesmo assim, o Cruzeiro chegou a criar algumas boas chances, mas pecava no último passe ou na finalização. As duas melhores aconteceram quando houve movimentação: WP saiu do centro e apareceu na esquerda, onde também estava Montillo. Mesmo com o bloqueio de Hamilton, o argentino, de frente para o gol, lançou uma bola profunda para Wellington, mas a finalização de pé esquerdo não saiu boa. Em outro lance, Fabinho saiu do lado direito para jogar nas costas do volante Toby, posicionado na lateral direita, e recebeu uma bola excelente, cruzando rasteiro para Tinga completar à direita do gol de Magrão.

Defendendo

Quando perdia a bola, o Cruzeiro já tentava pressionar o adversário em seu campo. Isso tem acontecido cada vez mais ao longo das partidas, mas ainda há imperfeições. Ainda assim, quando o Sport conseguia sair da pressão sem dar um chutão, devolvendo a posse, ou um passe mais apressado, o Cruzeiro continuava a pressionar no setor para onde a bola se encaminhava. Não me lembro de ter visto nenhuma oportunidade onde os jogadores pernambucanos desfrutavam de um espaço grande para poder pensar o jogo.

Portanto, o primeiro tempo foi um jogo amarrado, com muitos erros de passe de ambas as equipes – 14,3% de passes errados do Cruzeiro contra impressionantes 20,4% do Sport – mas por razões diferentes. O Cruzeiro errou porque faltou mais movimentação na frente, facilitando a marcação das linhas compactas do Sport. E o Sport porque o Cruzeiro exerceu uma marcação pressão intensa, forçando o erro de passe. Outros números que ilustram isto: 4 finalizações do Cruzeiro contra apenas 2 do Sport, todas erradas; e 10 cruzamentos azuis contra 6 rubro-negros, todos errados, de acordo com números da ESPN Brasil.

Segundo tempo

Os técnicos não mudaram suas peças no intervalo, mas uma mudança pôde ser notada: Fabinho estava jogando do outro lado, pela esquerda, trocado com Tinga. Talvez uma tentativa de Roth de forçar em cima de Toby, que não é da posição. O Cruzeiro continuava tentando pressionar no alto do campo, mas já não o fazia com a mesma eficiência — afinal, nem mesmo as melhores equipes do mundo conseguem pressionar alto durante todo o jogo, pois é uma tarefa que exige muito fisicamente.

Mesmo assim, foi o Sport quem criou a primeira grande chance da etapa final, numa jogada rápida pela direita. Sob forte marcação, Montillo perdeu uma bola que sobrou para Marquinhos Paraná. Mateus estava jogando muito avançado e não conseguiu voltar a tempo no passe para Thiaguinho na direita, forçando Leo a ir na cobertura. Mas antes que o zagueiro chegasse, Thiaguinho conseguiu cruzar para a área, onde havia uma situação de dois contra dois. Com a dupla de zaga longe da área, Diego Renan e Amaral recuaram rapidamente e conseguiram impedir a conclusão de Felipe Azevedo, mas Marquinhos Gabriel pegou a sobra e quase fez, não fosse Diego Renan ter se recuperado a tempo e tirar a bola quase em cima da linha fatal.

O Cruzeiro respondeu logo em seguida, com um chute de WP de fora da área para a defesa de Magrão. Era a primeira finalização certa do Cruzeiro no jogo. A partida seguiu na mesma, com o Cruzeiro tendo dificuldades para entrar nos dois muros do Sport, e o time visitante com dificuldade em trocar passes devido à pressão cruzeirense. Num dos poucos vacilos da zaga azul, Marquinhos Paraná deixou Felipe Azevedo na cara do gol, mas ele tinha de passar por Fábio antes. Não conseguiu.

Substituições

Vendo que o Sport começava a querer sair para o jogo, Celso Roth resolveu empurrar o time adversário de volta lançando Anselmo Ramon na vaga de Tinga. Ele entrou na referência, mandando WP para a esquerda. Agora o Cruzeiro tinha dois atacantes abertos, e como no jogo contra o Botafogo, tinha uma opção pela esquerda, já que Tinga pouco apareceu por ali. O Cruzeiro ganhou volume, mas ainda faltava capricho no último passe. Everton começava a aparecer mais, assim como Diego Renan.

Com isso, o Sport recuou naturalmente com a maior presença dos atacantes azuis, e Vágner Mancini promoveu a entrada de Milton Jr. aberto pela direita na vaga de Thiaguinho. A intenção era puxar contra-ataques em velocidade, mas o plano não deu muito certo pois os rebotes ofensivos eram quase sempre celestes. Logo depois da substituição, Everton recebeu uma excelente bola de Anselmo Ramon, fazendo o pivô, invadiu a área e foi tocado. O árbitro marcou o pênalti que WP converteu, fazendo o resultado ficar justo àquela altura do jogo.

Após as alterações, o Cruzeiro espelhou o esquema do adversário, o 4-3-1-2 losango, e fechou os espaços para garantir a vitória

À frente no placar, o Cruzeiro se contentou em esperar um pouco mais o Sport, que naturalmente se soltou um pouco mais – mas não tanto. Everton, lesionado na hora do pênalti, teve de deixar o campo para a entrada de Marcelo Oliveira, mantendo o esquema. No Sport, Rithely saiu para a entrada de Jheimy. Com isso, Felipe Azevedo recuou para o meio-campo para organizar, deixando Jheimy à frente e tendo Milton Jr. aberto pela direita. Talvez uma tentativa de forçar em Marcelo Oliveira, já que Vágner Mancini conhecia muito bem a característica do jogador e que ele não é lateral de ofício. Felizmente, nosso substituto fez um bom jogo defensivo e ainda se arriscou algumas vezes à frente, com segurança.

O Sport seguiu tentando, mas nada produziu, e Mancini lançou sua última cartada: Reinaldo na vaga de Marquinhos Gabriel pela esquerda. O time se postou num 4-3-1-2 losango bem avançado, com a chegada de Reinaldo por um lado e Paraná do outro. Hamilton seguiu mais preso. Celso Roth então respondeu colocando William Magrão pelo lado direito do meio-campo no lugar de Wellington Paulista, efetivamente espelhando a marcação. Agora, William Magrão marcava Reinaldo, Amaral, centralizado, pegava Felipe Azevedo e Charles vigiava Paraná. O jogo terminou com o Sport tendo pouco volume a mais que o Cruzeiro, mas ineficiente.

Conclusão

Depois de quatro rodadas, é possível afirmar que Celso Roth deu um padrão defensivo interessante ao Cruzeiro. Resta ainda arrumar a parte ofensiva, que claramente sofreu ontem com pouca mobilidade e falta de criatividade dos volantes. Ainda gostaria de ver Tinga mais recuado ao lado de Charles ou de Amaral, lançando Everton na meia-esquerda e Marcelo Oliveira na lateral. Ou então inverter Fabinho de lado e dar uma chance ao garoto Élber pela direita.

Mas o mais importante, neste momento, é o emocional. São 8 pontos em 12 disputados, quinta posição: um bom cenário para a volta a BH, que dará ainda mais moral ao time para a vitória contra o Figueirense.

Sábado que vem este blogueiro estará no Independência para a primeira análise in loco. Vamos colocar em prática todos os estudos feitos até agora. Me desejem sorte!