Vasco 1 x 3 Cruzeiro – Reação

Ruud Gullit, quando jogava no Milan de Arrigo Sacchi no fim da década de 80, reclamava das repetitivas sessões de treinamento que o treinador aplicava, necessárias para se chegar ao nível que ele queria de entendimento mútuo entre os jogadores. “Eu disse a ele que cinco jogadores organizados sempre iriam vencer dez desorganizados”, disse Sacchi. “E provei isto a eles: coloquei Galli no gol, Tassotti, Maldini, Costacurta e Baresi. Eles tinham dez: Gullit, Van Basten, Rijkaard, Virdis, Evani, Ancelotti, Colombo, Donadoni, Lantignotti e Mannari. Eles tinham 15 minutos para marcar contra meus cinco jogadores, e a única regra era que, se ganhássemos a posse ou eles perdessem a bola, eles teriam que começar de novo, 10 metros dentro de seu próprio campo. Eu fazia isso a todo tempo e eles nunca marcaram. Nenhuma vez.”

Introduzi o post com esta história pelo fato de que muitas vezes o futebol organizado defensivamente é visto como retranca. Muitos jornalistas esportivos (com algumas raras exceções, diga-se), quando dizem que uma equipe jogou “bem armada taticamente”, na verdade querem dizer que o time ficou recuado, esperando o adversário para sair no contra-ataque. Na verdade, nada mais é do que um estilo de se jogar futebol. No Brasil, existe a preferência pelo futebol ofensivo, propositivo, com posse de bola, volume e chances criadas repetidamente, em detrimento de times reativos, que esperam o adversário e são eficientes. “Preferência” talvez seja até uma palavra fraca demais: aqui, isso é quase uma lei.

Contra o Vasco em São Januário, jogo que deu a liderança para o time celeste, o Cruzeiro não jogou assim. Nem por isso jogou mal. Ter mais posse de bola não significa necessariamente jogar melhor. Finalizar mais, tampouco. Jogar melhor, na modesta opinião deste blogueiro, é jogar equilibradamente: anular as armas do adversário (ou pelo menos enfraquecê-las) e aproveitar ao máximo as chances criadas. E foi isso que o Cruzeiro fez.

Cruzeiro no 4-2-3-1 diagonal com Fabinho mais adiantado por um lado e William Magrão mais recuado pelo outro, bloqueando os flancos do Vasco e dando espaço para Montillo

Celso Roth veio no 4-2-3-1 diagonal que vem aplicando nas últimas partidas, desta vez com William Magrão pela direita, mais recuado, e Fabinho pela esquerda, um pouco mais avançado. Montillo era o articulador central e era suportado por Leandro Guerreiro e Charles. Leo foi para a lateral direita para suprir a ausência do lesionado Diego Renan, e Victorino ganhou a vaga. O Vasco entrou no 4-3-3 alto (4-1-2-3) de Cristóvão Borges, tendo Felipe na lateral esquerda, Diego Souza e Eder Luis abertos e Alecsandro na frente. O volante Rômulo dava suporte aos meio-campistas mais avançados Nilton e Felipe Bastos.

Os esquemas eram quase espelhados. Um centro-avante contra dois zagueiros; dois jogadores de cada lado do campo e os trios combatendo no meio: o cruzeirense com dois volantes e um meia e o vascaíno ao contrário. Mas as propostas de jogo eram diferentes. A opção por Leo na lateral direita, ao invés de Diego Árias — que, segundo o próprio treinador, vem treinando muito bem na posição no time reserva — e por William Magrão no trio de meias pela direita, provavelmente foi para segurar a parceria Diego Souza / Felipe que se desenhou com a escalação. A tentativa saiu melhor que a encomenda: não só ambos defenderam muito bem o setor, encaixotando ambos com a ajuda de Leandro Guerreiro, como Leo foi muito bem ofensivamente, aparecendo no ataque em dois dos três gols azuis.

Do outro lado, Fabinho recuava junto com o lateral direito Fágner para não sobrecarregar Everton. Cumpriu bem sua função defensiva, mas apareceu pouco no ataque. Eder Luis foi anulado pela marcação dupla, além do suporte de Charles, e também criou pouco. Com isso, o fornecimento a Alecsandro foi muito prejudicado, já que os meio-campistas teoricamente mais livres do Vasco sempre procuravam os atacantes abertos em seus passes. Além disso, o centro-avante adversário perdia quase todos os duelos com a zaga azul, que jogou muito bem também.

Com o time bem armado defensivamente, não havia motivos para pressionar a saída de bola do adversário. O Cruzeiro preferia esperar o Vasco em seu campo, bloqueando os flancos, que são as armas mais fortes do time carioca. Mas isso também ocorreu por causa da proposta de jogo do Cruzeiro: retomar a bola e sair em velocidade no contra-ataque, pegando a defesa vascaína desorganizada. Fazia sentido, principalmente levando em conta o que Celso Roth falou no fim do jogo contra o Figueirense. O Vasco tinha a responsabilidade do jogo, tinha que vir pra cima, e isso abriria espaços para o Cruzeiro jogar. E a previsão feita no fim do último post se concretizou: quando o craque tem espaço…

Assim foi todo o primeiro tempo. Quando não punha velocidade no contra-ataque, o Vasco se organizava e o Cruzeiro tinha dificuldades para criar. O primeiro gol saiu num erro conjunto de Fernando Prass e Eder Luis: o primeiro fez um péssimo lançamento com a mão, e o segundo tentou salvar o lateral que aconteceria. Conseguiu, mas dando a bola para Leo dominar livre. O zagueiro-lateral avançou sem ser incomodado (onde estavam Felipe e Diego Souza?) e passou a Montillo, que tinha campo. O camisa 10 avançou, devolveu a Leo que teve muito tempo para caprichar no cruzamento. Achou WP, que conseguiu finalizar bem. A bola bateu em Charles e voltou para Montillo, novamente sem marcação, emendar um chute de primeira no ângulo de Prass e cavalgar pela primeira vez no Brasileiro 2012.

No intervalo, Cristovão mandou Tiago Feltri na vaga de Felipe Bastos, avançando Felipe para o meio-campo. O objetivo era claro: dar criatividade pelo centro, coisa que faltou ao seu time no primeiro tempo. O jogo seguiu na mesma, já que o esquema ainda era o 4-3-3 alto, e Felipe recebia poucas bolas para criar. Cristóvão então tirou o inoperante Eder Luís e lançou Carlos Alberto. O meia procurava mais o meio campo e abria o corredor para Fagner avançar, e naturalmente o time se adiantou, na busca pelo empate.

Mas se adiantar demais contra um adversário que tem Montillo sem marcação é arriscado. Quando o Vasco ensaiava uma pressão, passe errado e a zaga rapidamente acha Montillo, condutor da bola numa situação de 3 contra 3. Vendo o lance, percebe-se que ele freia um pouco, chama a marcação de Dedé e dispara para o lado oposto, na direção de Rodolfo. A breve indefinição dos zagueiros vascaínos foi suficiente para que WP recebesse uma bola profunda, sem que Rodolfo pudesse alcançá-lo, e com um toque de classe encobrir Fernando Prass e praticamente matar o confronto.

No fim, Cruzeiro no 4-4-1-1 com Montillo responsável por puxar os contra-ataques e a mobilidade de Tinga pela direita com Léo, originando o terceiro gol

Só não matou porque, dois minutos depois, numa das raras falhas do nosso camisa 1, que saiu do gol no momento errado, o Vasco empatou em rebote de cabeça de Rodolfo. Era um lance controlado, e num erro individual o time adversário reacendeu. A partir daí, o Vasco tentou de todas as formas e empurrou o Cruzeiro para seu campo, mas ainda assim a defesa celeste sobressaía. Para garantir o importante resultado, Roth então manda Souza na vaga de Fabinho, para acompanhar Fágner que passou a ter espaço com a entrada de Carlos Alberto. O time passa para um 4-4-1-1 armado para contra-atacar. A alteração deu certo, porque o Vasco perdeu força e passou a só ficar com a bola, sem produção ofensiva. Então o treinador arriscou mais e fez as duas alterações restantes de uma só vez: Anselmo Ramon e Tinga nos lugares de WP e William Magrão. As duas linhas defensivas de quatro com um meia e um atacante permaneceram, mas com muito mais energia pelos flancos com Souza e Tinga, que acompanhavam os laterais do Vasco mas apareciam para atacar.

Cristóvão tentou responder com William Barbio no lugar de Diego Souza, que nada fez. O Vasco se soltou desordenadamente, a ponto de ser difícil definir os papéis de cada jogador ofensivo, e contra a organizada defesa do Cruzeiro (Arrigo Sacchi mandou lembranças) não conseguiu fazer muita coisa. Em uma bola perdida pelo meio-campo carioca, Tinga roubou, passou a Leo, novamente aparecendo no ataque pela direita, e pediu na frente. Recebendo de volta, emendou o cruzamento de primeira, que desviou e foi parar no pé de Anselmo Ramon, que só completou para o gol. Elemento surpresa, energia e velocidade e presença de área. Impossível afirmar que isso é uma retranca.

Ainda houve tempo de Fábio mostrar mais uma vez (isso está ficando repetitivo) porque merece estar na Seleção. Cresceu para cima de William Barbio num lance um contra um, amedrontando o garoto. Pareceu até fácil cair e roubar a bola nos pés do atacante.

A invencibilidade e a liderança são mais que justas e consequência do ótimo trabalho que Roth vem fazendo na defesa do Cruzeiro, apesar da pecha de retranqueiro que o treinador carrega. Ele simplesmente enxergou um aspecto óbvio: se a defesa era uma peneira e tomava muitos gols, o ataque não era tão ruim assim. Não que marcasse gols em profusão, mas também não era totalmente inoperante – só passou em branco em 4 dos 26 jogos até aqui no ano. Assim, consertar a defesa era a prioridade, e o ataque poderia ficar para depois.

Com a defesa sólida como está, parece que chegou a hora.

Cruzeiro 1 x 0 Figueirense – Carregando o piano

O drible seguido de passe de Souza — servindo para o belo gol de Wellington Paulista — fez com que o meia fosse o mais celebrado pela torcida na volta do Cruzeiro a Belo Horizonte depois de dois anos fora, contra o Figueirense no sábado. Entretanto, a atuação tática mais brilhante foi a de outro jogador: Leandro Guerreiro.

Formação inicial

O 4-2-3-1 com cara de 4-3-3 com dois volantes (4-2-1-3) do início do jogo; Wallyson voltava pouco e teve que trocar de lado com Fabinho, Montillo tentando sair da marcação dupla e Amaral perdendo o duelo com Almir

Eu já estava imaginando como Marcelo Oliveira e Everton iriam se revezar pelo lado esquerdo, já que na primeira rodada foi Everton quem ficou mais à frente, com Marcelo Oliveira na lateral esquerda; e neste jogo parecia que seria o contrário. Parecia, porque Celso Roth surpreendeu a todos e escalou Wallyson na vaga do lesionado Tinga, titular até então. Isso configurou o Cruzeiro num 4-2-3-1 bem ofensivo, com Walysson, Montillo e Fabinho atrás de WP e sendo suportados por Amaral e Charles.

Mas a ofensividade esperada não aconteceu. Isto porque o Figueirense se apresentou no mesmo esquema tático, um 4-2-3-1 muito bem armado por Argel. Em embates de 4-2-3-1, na maioria das vezes é a dupla de volantes é que faz a balança tática se desequilibrar – para o bem ou para o mal. E foi isso o que aconteceu no primeiro tempo no Independência. Os duelos pelo campo eram claros: Léo cuidava do centro-avante Aloísio, com Mateus na sobra; Diego Renan perseguia o extremo esquerdo Júlio César, e Everton tentava parar o extremo direito Caio; na frente, WP brigava com os zagueiros Canuto e Anderson Conceição; Fabinho recuava atrás do lateral esquerdo Guilherme Santos; e Wallyson tentava ficar no encalço do lateral direito Pablo, ex-Cruzeiro.

Amaral x Almir

O principal fator de desequilíbrio, portanto, morava no meio-campo. No embate dos trios Amaral, Charles e Montillo contra Ygor, Túlio e Almir, melhor para os últimos: os volantes do time catarinense revezavam na marcação direita ao argentino, e o outro ficava na sobra. Quando recuperavam a posse, o camisa 10 Almir, quando não levava a melhor nos duelos direitos com Amaral, fazia uma movimentação interessante para os lados, arrastando a marcação do camisa 5 celeste a abrindo espaços para a dupla de volantes, chegar com perigo.

Mas ainda havia outro fator. Como dito, Wallyson, aberto na esquerda, tentava perseguir Pablo, mas só voltava até o meio-campo atrás do lateral. Isso frequentemente deixava Everton sozinho contra ele e Caio. Este último, aliás, teve grande inspiração criativa na primeira etapa, sendo responsável por grandes lançamentos e passes para conclusão dos seus companheiros. O primeiro lance de perigo do time visitante ilustra bem esses aspectos: Caio recebeu a bola na direita e tentou invadir a área driblando, arrastando Everton para dentro da área. Ele foi desarmado e a bola sobrou de novo na direita, onde chegava Pablo, livre de marcação. Foi ele quem cruzou rasteiro para o volante Túlio, elemento surpresa, concluir e Fábio fazer a primeira defesa importante da noite.

Celso Roth tentou corrigir o lado direito invertendo Fabinho e Wallyson de lado. O atacante agora voltava junto com Pablo pela esquerda e suprimiu a vantagem numérica do Figueirense no setor. Guilherme Santos não apoiava tanto e o recuo de Wallyson deixou de ser um problema. Mas a situação no meio-campo continuou ruim: Montillo encaixotado nos volantes e Amaral perdendo o duelo para Almir. O Figueirense dominou as ações nos primeiros trinta minutos e só não abriu o placar por que tinha que vencer o melhor goleiro do Brasil atualmente.

Cruzeiro cercado

Na posse do Cruzeiro, o Figueirense recompunha suas linhas com muita qualidade, num bloco médio-baixo, sem pressionar no alto do campo. Isso gerou números que, normalmente, se relacionam na proporção direta: o Cruzeiro tinha mais posse, mas muito menos finalizações. Sinal de que o time tinha a bola mas não sabia o que fazer com ela, enquanto o time adversário tinha os espaços e era mais objetivo. Mas isso não significou que o Cruzeiro não tenha criado chances. Jogando principalmente na transição em velocidade, o Cruzeiro conseguiu criar alguma coisa, principalmente com Fabinho, num peixinho completando cruzamento de Diego Renan e num chute em assistência de WP por cima da zaga, ambos defendidos por Wilson.

O Figueirense foi o time que mais finalizou (20) na 5ª rodada, mesmo com menos posse de bola (44,54%), muito por causa do primeiro tempo

Guerreiro finca a bandeira

O bom público presente no Independência teve ótima leitura de jogo e protestou contra Amaral ainda no primeiro tempo, pedindo a entrada de Leandro Guerreiro. Celso Roth atendeu e mandou o veterano para a partida no intervalo. Depois de um susto logo no início, quando Aloísio apareceu cara a cara com Fábio — que, pasmem, levou a melhor — Guerreiro tomou conta da entrada da área celeste, fazendo a cobertura das marcações de Charles e Montillo no trio de meio do Figueirense. O efeito imediato foi que Almir deixou de ter tantos espaços e o time visitante já não tinha mais tanta objetividade. Mas Montillo continuava tendo dificuldades contra a boa dupla de volantes do Figueirense, mesmo tentando se movimentar por todo o campo.

Celso Roth parecia ter esperado para ver se somente com Leandro Guerreiro a parte ofensiva também seria solucionada, já que sua entrada liberava ainda mais Charles, que eventualmente poderia ajudar um pouco mais Montillo na criação. Não aconteceu, e o treinador lançou, logo aos 9, Souza na vaga de Wallyson. O Cruzeiro mudou para um 4-2-3-1 diagonal, com Fabinho pela direita mais aberto e mais avançado que Souza do outro lado. Um desenho tático que podeia muito bem ser lido como um 4-3-1-2 losango. Leandro Guerreiro plantou de vez, Charles foi para o lado direito e Souza recuava com Pablo, mas tinha liberdade para criar e avançar. Agora a dupla volância do Figueirense tinha dois alvos — às vezes três — para marcar e não tinha mais a sobra. Resultado: espaços apareceram, e o Cruzeiro tratou de aproveitá-los.

Foram dez minutos de ofensividade intensa, nos quais o Figueirense mal chegou perto de Fábio. Montillo escapou algumas vezes pelos lados, conseguindo cruzar para cabeceio de WP defendido por Wilson, e até sofreu um suposto pênalti em jogada rápida pelo lado direito. WP chegou a ficar cara a cara com o goleiro, driblou, mas perdeu o ângulo do tiro e cruzou para ganhar um escanteio, até receber passe primoroso de Souza, que aproveitou um corte errado do zagueiro de cabeça, driblou seu marcador e achou WP dentro da área. O camisa 9 deu um lençol no goleiro e marcou o primeiro gol cruzeirense em terras belorizontinas após mais de dois anos.

Cinco linhas de marcação

O gol abriu o jogo. O Figueirense avançou suas linhas na busca de um empate, mas esbarrou na agora bem encaixada marcação do Cruzeiro. Com praticamente três homens à frente da área, o Figueirense tentava pelos lados, mas com pouco espaço os cruzamentos não saíam com qualidade. O Cruzeiro ainda promoveria a sua última alteração antes da primeira do time adversário, lançando William Magrão no lugar de Fabinho. Difícil precisar o esquema de jogo, já que o volante foi atuar como um meia aberto pela direita à frente de Diego Renan. Montillo foi ser segundo atacante, e portanto seria algo parecido com um 4-4-1-1, mas com Leandro Guerreiro bem mais recuado que Charles. No entanto, às vezes Montillo recompunha com Charles pelo meio, efetivamente configurando um 4-1-4-1. O mais próximo, portanto, seria dizer que, após as alterações, o Cruzeiro jogou numa espécie de 4-1-3-1-1, armado para o contra-ataque.

À esquerda, o time que marcou o gol da vitória: um 4-2-3-1 diagonal com LG na volância liberando Charles e Souza; à direita, o sistema híbrido 4-1-3-1-1 armado para contra-atacar, com William Magrão jogando quase como meia aberto pela direita

O Figueirense começou a tentar mexer no jogo com Botti no lugar de Almir, que ficou no bolso de Guerreiro. Sangue novo na posição de articulador central, sem desfazer o 4-2-3-1. Mas Leandro Guerreiro continuava a sobressair à frente da área, e com as linhas avançadas, o Cruzeiro assustava muito na transição. As melhores chances continuavam a ser azuis, embora menos frequentes. Argel tentou mais uma vez, desta vez mudando o lado esquerdo, com Luiz Fernando na vaga de Júlio César. Diego Renan deu conta do recado e era ajudado por William Magrão, e o jogo seguiu na mesma, com o Cruzeiro esperando a bola certa para contra-atacar.

A última tentativa do time catarinense foi lançar Jackson na vaga de Pablo, que foi jogar bem avançado no meio-campo pela direita, tentando atacar as costas de Souza. Aloísio caiu mais para a esquerda e Caio ficou mais por dentro, liberando o corredor para o volante que acabara de entrar. E foi dali que nasceu a única jogada de perigo: cruzamento completado para defesa até certo ponto tranquila do capitão camisa 1.

No fim, a bola que o Cruzeiro queria. Após rebatida da área, a bola sobroui para Souza, que acionou Montillo. O argentino conduziu a bola em velocidade, bem a seu estilo, driblou seu marcador e deu com açúcar para Leandro Guerreiro, sozinho, desperdiçar. Seria a coroação do ótimo jogo do volante, que parece ter recuperado seu lugar no time com a atuação sólida, principalmente na parte tática.

Agora é com eles

Felizamente, o gol perdido não fez tanta diferença em termos de pontuação. Cinco jogos, três vitórias e dois empates, e vice-liderança com a melhor defesa do campeonato. Mas é bom atentar que, excetuando a partida contra o Botafogo, foram jogos de um nível menor, em que o Cruzeiro é que tinha a responsabilidade da vitória. O duelo contra o líder Vasco, na próxima rodada, é a prova de fogo para a solidez defensiva de Celso Roth. Mas também será um jogo mais aberto para o ataque azul, pois é dos mandantes a responsabilidade da iniciativa de jogo. Prevejo um time reativo em São Januário,  principalmente com mais espaços para Montillo.

E todos sabemos o que acontece quando o craque tem espaço.

Cruzeiro 1 x 0 Sport – Mineiramente

Pequenos passos. Assim o Cruzeiro tem evoluído no Brasileirão, sem entretanto perder o terreno conquistado. Com muitas dificuldades, principalmente ofensivas, o time celeste conseguiu furar o muro duplo do Sport construído pelo ex-técnico azul Vágner Mancini e venceu a segunda partida seguida.

Formações

O 4-2-3-1 do Cruzeiro com Montillo de volta ao meio-campo e Fabinho e Tinga pelos lados, além de Everton na lateral esquerda

O Cruzeiro veio para o jogo com as alterações previstas: Everton ganhou a vaga de Marcelo Oliveira na lateral esquerda, Fabinho barrou Souza e apareceu pela direita ao lado de Montillo, recuado para o meio-campo, no 4-2-3-1 armado por Celso Roth. O Sport veio com a intenção de bloquear os flancos do adversário e se postou num inesperado 4-1-4-1, com Felipe Azevedo sozinho à frente, os meias Thiaguinho e Marquinhos Gabriel fechando pelos lados e Hamilton entre as duas linhas de quatro, com o papel de marcar Montillo – para variar.

Com a bola

O resultado direto foi que Diego Renan, Amaral, Charles e Everton tinha cada um um adversário à frente, com poucos alvos e nenhum espaço para onde destinar o passe: WP ficou mais uma vez trombando com os zagueiros Bruno Aguiar e Edcarlos; Fabinho brigava com o lateral esquerdo Rivaldo e às vezes ganhava, mas pecava no último passe; Tinga se movimentava mais verticalmente do que lateralmente, e não oferecia amplitude pela esquerda, e Montillo tentava fugir de Hamilton se movimentando por todo o campo, mas perdeu o duelo para o camisa 2 do Sport no primeiro tempo. O Cruzeiro sentiu falta de um volante com qualidade de primeiro passe. Na teoria, este homem é Charles, mas o camisa 7 ainda precisa desenvolver mais este fundamento.

Assim, Leo e Mateus trocavam passes até eventualmente tentarem um lançamento longo na direção dos meias abertos ou de WP, mas que quase sempre resultava na concessão da posse de bola. Mesmo assim, o Cruzeiro chegou a criar algumas boas chances, mas pecava no último passe ou na finalização. As duas melhores aconteceram quando houve movimentação: WP saiu do centro e apareceu na esquerda, onde também estava Montillo. Mesmo com o bloqueio de Hamilton, o argentino, de frente para o gol, lançou uma bola profunda para Wellington, mas a finalização de pé esquerdo não saiu boa. Em outro lance, Fabinho saiu do lado direito para jogar nas costas do volante Toby, posicionado na lateral direita, e recebeu uma bola excelente, cruzando rasteiro para Tinga completar à direita do gol de Magrão.

Defendendo

Quando perdia a bola, o Cruzeiro já tentava pressionar o adversário em seu campo. Isso tem acontecido cada vez mais ao longo das partidas, mas ainda há imperfeições. Ainda assim, quando o Sport conseguia sair da pressão sem dar um chutão, devolvendo a posse, ou um passe mais apressado, o Cruzeiro continuava a pressionar no setor para onde a bola se encaminhava. Não me lembro de ter visto nenhuma oportunidade onde os jogadores pernambucanos desfrutavam de um espaço grande para poder pensar o jogo.

Portanto, o primeiro tempo foi um jogo amarrado, com muitos erros de passe de ambas as equipes – 14,3% de passes errados do Cruzeiro contra impressionantes 20,4% do Sport – mas por razões diferentes. O Cruzeiro errou porque faltou mais movimentação na frente, facilitando a marcação das linhas compactas do Sport. E o Sport porque o Cruzeiro exerceu uma marcação pressão intensa, forçando o erro de passe. Outros números que ilustram isto: 4 finalizações do Cruzeiro contra apenas 2 do Sport, todas erradas; e 10 cruzamentos azuis contra 6 rubro-negros, todos errados, de acordo com números da ESPN Brasil.

Segundo tempo

Os técnicos não mudaram suas peças no intervalo, mas uma mudança pôde ser notada: Fabinho estava jogando do outro lado, pela esquerda, trocado com Tinga. Talvez uma tentativa de Roth de forçar em cima de Toby, que não é da posição. O Cruzeiro continuava tentando pressionar no alto do campo, mas já não o fazia com a mesma eficiência — afinal, nem mesmo as melhores equipes do mundo conseguem pressionar alto durante todo o jogo, pois é uma tarefa que exige muito fisicamente.

Mesmo assim, foi o Sport quem criou a primeira grande chance da etapa final, numa jogada rápida pela direita. Sob forte marcação, Montillo perdeu uma bola que sobrou para Marquinhos Paraná. Mateus estava jogando muito avançado e não conseguiu voltar a tempo no passe para Thiaguinho na direita, forçando Leo a ir na cobertura. Mas antes que o zagueiro chegasse, Thiaguinho conseguiu cruzar para a área, onde havia uma situação de dois contra dois. Com a dupla de zaga longe da área, Diego Renan e Amaral recuaram rapidamente e conseguiram impedir a conclusão de Felipe Azevedo, mas Marquinhos Gabriel pegou a sobra e quase fez, não fosse Diego Renan ter se recuperado a tempo e tirar a bola quase em cima da linha fatal.

O Cruzeiro respondeu logo em seguida, com um chute de WP de fora da área para a defesa de Magrão. Era a primeira finalização certa do Cruzeiro no jogo. A partida seguiu na mesma, com o Cruzeiro tendo dificuldades para entrar nos dois muros do Sport, e o time visitante com dificuldade em trocar passes devido à pressão cruzeirense. Num dos poucos vacilos da zaga azul, Marquinhos Paraná deixou Felipe Azevedo na cara do gol, mas ele tinha de passar por Fábio antes. Não conseguiu.

Substituições

Vendo que o Sport começava a querer sair para o jogo, Celso Roth resolveu empurrar o time adversário de volta lançando Anselmo Ramon na vaga de Tinga. Ele entrou na referência, mandando WP para a esquerda. Agora o Cruzeiro tinha dois atacantes abertos, e como no jogo contra o Botafogo, tinha uma opção pela esquerda, já que Tinga pouco apareceu por ali. O Cruzeiro ganhou volume, mas ainda faltava capricho no último passe. Everton começava a aparecer mais, assim como Diego Renan.

Com isso, o Sport recuou naturalmente com a maior presença dos atacantes azuis, e Vágner Mancini promoveu a entrada de Milton Jr. aberto pela direita na vaga de Thiaguinho. A intenção era puxar contra-ataques em velocidade, mas o plano não deu muito certo pois os rebotes ofensivos eram quase sempre celestes. Logo depois da substituição, Everton recebeu uma excelente bola de Anselmo Ramon, fazendo o pivô, invadiu a área e foi tocado. O árbitro marcou o pênalti que WP converteu, fazendo o resultado ficar justo àquela altura do jogo.

Após as alterações, o Cruzeiro espelhou o esquema do adversário, o 4-3-1-2 losango, e fechou os espaços para garantir a vitória

À frente no placar, o Cruzeiro se contentou em esperar um pouco mais o Sport, que naturalmente se soltou um pouco mais – mas não tanto. Everton, lesionado na hora do pênalti, teve de deixar o campo para a entrada de Marcelo Oliveira, mantendo o esquema. No Sport, Rithely saiu para a entrada de Jheimy. Com isso, Felipe Azevedo recuou para o meio-campo para organizar, deixando Jheimy à frente e tendo Milton Jr. aberto pela direita. Talvez uma tentativa de forçar em Marcelo Oliveira, já que Vágner Mancini conhecia muito bem a característica do jogador e que ele não é lateral de ofício. Felizmente, nosso substituto fez um bom jogo defensivo e ainda se arriscou algumas vezes à frente, com segurança.

O Sport seguiu tentando, mas nada produziu, e Mancini lançou sua última cartada: Reinaldo na vaga de Marquinhos Gabriel pela esquerda. O time se postou num 4-3-1-2 losango bem avançado, com a chegada de Reinaldo por um lado e Paraná do outro. Hamilton seguiu mais preso. Celso Roth então respondeu colocando William Magrão pelo lado direito do meio-campo no lugar de Wellington Paulista, efetivamente espelhando a marcação. Agora, William Magrão marcava Reinaldo, Amaral, centralizado, pegava Felipe Azevedo e Charles vigiava Paraná. O jogo terminou com o Sport tendo pouco volume a mais que o Cruzeiro, mas ineficiente.

Conclusão

Depois de quatro rodadas, é possível afirmar que Celso Roth deu um padrão defensivo interessante ao Cruzeiro. Resta ainda arrumar a parte ofensiva, que claramente sofreu ontem com pouca mobilidade e falta de criatividade dos volantes. Ainda gostaria de ver Tinga mais recuado ao lado de Charles ou de Amaral, lançando Everton na meia-esquerda e Marcelo Oliveira na lateral. Ou então inverter Fabinho de lado e dar uma chance ao garoto Élber pela direita.

Mas o mais importante, neste momento, é o emocional. São 8 pontos em 12 disputados, quinta posição: um bom cenário para a volta a BH, que dará ainda mais moral ao time para a vitória contra o Figueirense.

Sábado que vem este blogueiro estará no Independência para a primeira análise in loco. Vamos colocar em prática todos os estudos feitos até agora. Me desejem sorte!

Botafogo 2 x 3 Cruzeiro – A camisa 10 não é por acaso

É claro que os números de camisa não obrigam um jogador a um determinado posicionamento em campo. Mas bastou ter uma companhia na extrema direita e voltar ao meio-campo para o futebol do Caballero Azul despertar novamente e quebrar a maldição do Engenhão, na vitória por 3 a 2 sobre o Botafogo ontem. Direta ou indiretamente, o argentino teve papel importante nos três gols da virada convincente do time celeste.

Cruzeiro do primeiro tempo num 4-2-2-2 pendendo pra o lado direito, com Souza lento, Marcelo Oliveira alto demais e muitas compensações defensivas

O Cruzeiro entrou no jogo com o mesmo onze da partida anterior, mas com uma mudança tática: Souza voltou ao lado direito e “puxou” o 4-2-2-2 cruzeirense para seu lado, já que ele pouco centralizava, forçando Tinga a fazê-lo para cobrir os avanços de Montillo, novamente usado como segundo atacante. Oswaldo de Oliveira armou o Botafogo no tradicional 4-2-3-1, com Vitor Júnior, Andrezinho e Maicosuel atrás de Herrera, e Renato mais livre que Jadson.

O detalhe tático mais importante do primeiro tempo foi o lado direito do ataque local, esquerdo da defesa celeste. Dois aspectos: com Tinga mais por dentro, Marcelo Oliveira tinha dois adversários para marcar, já que Lucas avançava sem ser incomodado. Além disso, o camisa 6 jogava frequentemente muito alto, talvez numa tentativa de explorar este espaço que havia no ataque, e o Botafogo tratou de aproveitar aquele setor. Charles e Tinga tentavam revezar a primeira marcação pela canhota, mas o primeiro frequentemente tinha que cobrir as investidas de Marcelo Oliveira e o segundo estava centralizado demais.

Assim, o Botafogo começou a controlar as ações através dos pés de Vitor Júnior, o extremo direito. O meia foi o melhor do primeiro tempo, criando várias chances para si e para seus companheiros. Sorte nossa que temos Fábio embaixo do gol e que eles têm Herrera, que perdeu duas chances excelentes de marcar. Ele próprio emendou uma finalização na rede por fora, e no lance do escanteio que originou o gol contra de Amaral, foi ele quem serviu Herrera mais uma vez, que dividiu com Léo e Fábio num lance estranho, e a bola acabou sobrando e se encaminhando lentamente para o gol, que o camisa 1 conseguiu mandar para fora.

Amaral, aliás, não fez uma má partida, mas ficou sobrecarregado na marcação de vários jogadores. Souza e Diego Renan até que conseguiam dar conta do recado pelo lado direito, mas quando ambos avançavam era o camisa 5 que fazia a cobertura. Ele também tinha de marcar Andrezinho, o articulador central botafoguense. Ainda bem que o meia não fez uma boa partida e, como já dito, o Botafogo escolheu mais o lado direito para atacar, com Maicosuel apagado na partida. Por isso o volante só apareceu no jogo na hora do gol contra, quando poderia ter sido muito pior.

Ofensivamente, o Cruzeiro pecou em dois aspectos: previsibilidade e lentidão. Souza, preso do lado direito, cadenciava demais o jogo, por duas razões: a característica dele é essa, segurar a bola, dar um ritmo mais lento ao jogo, e também porque ele não tinha opções para o passe rápido. Montillo era vigiado de perto por Jadson, que se afundava na defesa atrás do argentino; WP encaixotado entre os dois zagueiros, Diego Renan era bem marcado por Maicosuel e Amaral ficava mais preso na proteção à zaga. Tinga tentava ser opção, mas estava centralizado demais e era perseguido por Renato. O Cruzeiro só criou quando Montillo conseguiu se livrar da marcação e centrar a bola. Ela chegou a WP que tentou driblar seu marcador, mas recebeu um toquezinho leve no joelho, o suficiente para tentar cavar uma penalidade inexistente.

Cruzeiro lento e previsível, Botafogo veloz e com espaço pela direita. Assim foi o primeiro tempo, e os números comprovam: apesar de ter tido mais posse de bola (53%), comprovando o excesso de cadência, o Cruzeiro só finalizou uma vez, contra 8 do Botafogo. De nada adianta reter a bola se o time não souber o que fazer com ela.

No intervalo, Celso Roth fez o óbvio e tirou Souza do jogo. O meia não conseguiu dar profundidade pela direita, coisa que Fabinho fez muito bem. E logo de cara o jogo mudou, pois Montillo havia voltado à sua posição original e Fabinho foi ser o segundo atacante acompanhando WP. O veloz camisa 17 confundiu a marcação e congelou o lateral esquerdo Márcio Azevedo. Além disso, se tornava opção para o passe de Montillo, que buscava a bola no círculo central e avançava com liberdade e velocidade, como lhe é característico. O Cruzeiro passou a ter volume e ocupou o campo adversário.

Mas o futebol é futebol: justo quando estava melhor na partida, o Cruzeiro sofreu o segundo gol. Tinga perdeu uma bola para Renato no meio-campo, ela sobrou para Vitor Júnior que rapidamente enfiou uma bola longa para Herrera, entre os zagueiros do Cruzeiro. Mateus estava longe do camisa 9 botafoguense e foi pego de surpresa, mas nada pode fazer para evitar o gol. Surpreendentemente, o Cruzeiro não se abalou e logo no primeiro lance após a saída de bola, Fabinho, excelente no jogo, completou cruzamento de Marcelo Oliveira para mandar na trave e reafirmar a blitz no campo de ataque.

Celso Roth então soltou o time mandando Anselmo Ramon e Everton nas vagas de Tinga e Marcelo Oliveira. Estava formado o 4-2-1-3 da era Vágner Mancini, mas com Everton como opção de velocidade pelo lado esquerdo, Fabinho pelo lado direito e WP pela esquerda próximo a Anselmo Ramon, enfiado e brigando com os zagueiros. Os dois pecados do primeiro tempo foram resolvidos, e no primeiro lance de Anselmo, ele tabelou com WP e mandou na rede pelo lado de fora. Depois, recebeu passe de Montillo e dividiu com o goleiro Milton Raphael, a bola sobrou para WP, fora da área, que tentou encobrir o jovem arqueiro, mas sem sucesso.

Então aconteceu a virada. Primeiro, Montillo recebeu passe pela direita, tentou driblar seu marcador e acabou arrumando um escanteio. Na cobrança, a zaga afastou mal, Mateus concluiu e Anselmo desviou levemente para fazer o primeiro gol cruzeirense no Brasileirão 2012.

Um minuto depois, em um contra-ataque ultraveloz, Montillo conduziu com muito espaço e conectou a Anselmo Ramon na quina direita da área. Ele viu WP dentro mas viu também Everton erguendo os braços e correndo como um raio, sem marcação pelo outro lado. O impulso da corrida fez o cabeceio sair forte e vencer Milton Raphael.

A velocidade no gol de empate celeste: Montillo com muito campo pra avançar, e Everton livre pela esquerda para testar para o fundo das redes

O Botafogo se lançou à frente para buscar a vitória, mas o Cruzeiro não deixou o time da casa respirar, e mais alguns minutos depois, Fabinho recebeu uma bola longa, dominou com categoria e achou Montillo que ia escapando entre os zagueiros do time da casa. O goleiro dividiu com ele, mas cometendo falta. Pênalti que WP converteu contra seu ex-time.

O time que virou o jogo era um 4-2-3-1 que virava um 4-2-1-3 com a bola, muito mais equilibrado, veloz e atacando por todos os lados

Logo após o terceiro gol, que WP preferiu não comemorar, foi possível ver Celso Roth passando instruções para o camisa 9. Certamente foi para recuar pelo lado esquerdo para recompor o 4-2-3-1, deixando Anselmo Ramon sozinho à frente. Ele conseguiu bloquear bem os avanços de Lucas, de maneira análoga a Fabinho do lado direito. Oswaldo de Oliveira tentou um único movimento: puxou Vitor Júnior para o centro, tirou Andrezinho e lançou Elkeson pela direita. Isso acabou facilitando o trabalho de Everton, que conseguiu bloquear bem os avanços dele. Vitor Junior já não tinha mais o mesmo espaço para jogar e nada fez. O Botafogo seguiu tendo mais posse de bola mas não conseguiu produzir boas chances até o fim do jogo.

Conclusões deste jogo: primeiro, Montillo é meia, e fim de papo. O próprio Celso Roth admitiu na coletiva após o fim da partida que o argentino é bom driblador, porém não dá profundidade. Ora, se ele não dá profundidade, então porque escalá-lo como segundo atacante? Além disso, ele mesmo disse preferir atuar como camisa 10. Segundo, Tinga deve render melhor se jogar como segundo volante, ao lado de Amaral ou Leandro Guerreiro. Terceiro, Fabinho entrou muito bem e fez muito mais que Souza, que não é jogador de lado de campo, é central. Merece uma chance pelo lado direito. Quarto, talvez seja melhor dar uma chance a Everton no time titular, escalando-o na extrema esquerda, e prendendo Marcelo Oliveira, como foi na primeira partida contra o Atlético/GO. Isso geraria uma 4-2-3-1 torto a la Brasil 2010, mas com os lados invertidos. E quinto, Anselmo Ramon talvez faça melhor a função de referência do que WP. É o caso de se dar uma chance.

Meu time para o jogo contra o Sport, portanto, seria Fábio; DR, Leo, Mateus e MO; Amaral e Charles (Tinga); Fabinho, Montillo e Éverton; WP (Anselmo Ramon). No entanto, como só avalio os jogos, e o treinador está lá todo dia, não acredito que isso vá acontecer.

Mas que Montillo tem que voltar à meia central, ah, pelo menos isso tem.