Quatro jogos e perspectivas

Antes de mais nada, este blogueiro pede desculpas aos leitores por ter ficado tanto tempo ser dar satisfações. Entrei em um momento de mudança na vida — literalmente — e por isso fiquei sem infra-estrutura necessária para escrever os posts (leia-se: internet e computador).

Então, para não deixar de falar sobre nenhum dos jogos passados, aqui vão notas rápidas sobre os quatro últimos jogos.

Villa Nova 2 x 4 Cruzeiro

Em alguns jogos, o equilíbrio entre as equipes é simplesmente uma questão de número no centro do meio-campo. Que o Cruzeiro tem um elenco superior ao do Villa Nova todos sabemos, mas neste jogo o Villa tinha um quarteto no centro do campo, com o seu 4-3-1-2 losango frente ao 4-2-3-1 do Cruzeiro. Os dois volantes e Tchô, o meia central, se deram melhor em relação a Leandro Guerreiro e Nilton, que não conseguiam marcar os três. A partida tendeu para o domínio do time da casa no primeiro tempo simplesmente por isso.

Já no segundo, Marcelo Oliveira lançou Tinga para fazer um 4-1-2-3 que acertou a marcação: Guerreiro ficou responsável apenas por Tchô, e mesmo perdendo o duelo algumas vezes, como no gol de empate do Villa Nova, conseguiu tirar a liberdade que o camisa 10 adversário tinha na primeira etapa.

Mas com a mudança, Diego Souza foi jogar aberto do lado direito, deixando o time sem um meia central. Com isso, o time equilibrou o centro do meio-campo, mas criou pouco. A entrada de Ricardo Goulart aconteceu justamente para resolver este problema. Com ambos os times com meio-campo em losango, a qualidade técnica fez diferença e o Cruzeiro marcou mais dois gols.

Em suma: quando tinha apenas 2 meio-campistas (já que Diego Souza marca pouco) contra 4 do adversário, o Cruzeiro foi dominado. Com Tinga, o 3 x 4 equilibrou, e com Goulart, o número de meio-campistas se igualou, e aí o Cruzeiro se sobressaiu.

América 1 x 4 Cruzeiro

O América do técnico Paulo Comelli quis jogar de igual para igual contra o Cruzeiro no Mineirão. E foi amplamente dominado, principalmente porque, diferente dos outros times do campeonato, foi um time que tentou sair para o jogo e deu espaço para os jogadores de frente do Cruzeiro.

Também num 4-2-3-1, o time de Paulo Comelli foi facilmente repelido pela linha defensiva celeste. Com Rodriguinho, o meia central, encaixotado entre os volantes, Fábio Júnior tinha que sair muito da área, e Fábio quase não viu a cor da bola.

Já o Cruzeiro, desta vez com Ricardo Goulart na vaga do suspenso Dagoberto, imprimiu movimentação e confundiu a marcação americana. Já aos 16 minutos o Cruzeiro vencia por dois a zero, em jogadas de bola áerea. Depois disso apenas controlou as ações, repelindo as investidas do América com propriedade. Ainda sofreria um gol em falha de Leandro Guerreiro na cobrança de escanteio, mas matou o jogo logo em seguida com excelente trama pela direita com Everton Ribeiro e Ceará e a conclusão de Borges.

O 4-2-3-1 foi mantido do início ao fim. Apesar do placar e do domínio, os volantes ainda tiveram pouca participação ofensiva e uma certa dificuldade na marcação. Acredito ser o setor mais frágil da equipe no momento, ao contrário da maioria dos comentaristas e torcedores que dizem ser a defesa.

CSA 0 x 3 Cruzeiro

Eliminar o segundo jogo era esperado. Mas o futebol apresentado, preguiçoso, não. Era quase como se o Cruzeiro soubesse que tinha que fazer pouca força para avançar de fase, e assim foi. Já o CSA jogava a vida, provavelmente o jogo de maior visibilidade que o time terá no ano, e por isso foram pra cima, com muita velocidade.

A defesa do Cruzeiro jogava bem alta, longe de sua própria área, para compactar o time. Mas isso só funciona se os jogadores de frente também fizerem marcação avançada, o que não acontecia. Assim, o CSA tocava a bola e o Cruzeiro esperava, deixando espaços atrás de sua própria defesa. E time da casa, num moderno 4-1-2-3, jogava bolas longas para jogadores rápidos que tinha abertos, nas costas dos nossos laterais. Para nossa sorte, a pontaria deles não estava boa e pelo menos três chances reais foram mandadas pra fora.

Ofensivamente, o Cruzeiro parecia, de fato, bem preguiçoso. Os gols aconteceram mais por bobeira da defesa do time alagoano do que por mérito celeste. O primeiro numa bola longa de Dagoberto, na direita, para Diego Souza. A defesa estava mal posicionada e deixou o camisa 10 entrar livre. O segundo em um pênalti cometido atabalhoadamente pelo zagueiro. Somente o terceiro pode ser considerado superioridade técnica: Ricardo Goulart recebeu o passe final de uma trama rápida de passes, driblou um marcador, ganhou na força do segundo e concluiu sem chances para o goleiro.

O jogo provou a força do elenco cruzeirense, que mesmo jogando com pouca vontade, mostrou ser forte o suficiente para construir o placar. Entretanto, a mesma preguiça causou dificuldades desnecessárias. Portanto, não foi um jogo bom para se tirar alguma conclusão.

Cruzeiro 5 x 0 Nacional

Ah, goleadas. Como elas têm o poder de enganar o torcedor. Basta fazer uma grande soma de gols num mesmo jogo e automaticamente tudo fica bem, a torcida se empolga e tal. Felizmente, não era esse o caso.

É claro que se deve levar em conta a fragilidade do Nacional, que está brigando para sobreviver no Módulo I do Campeonato Mineiro. Mas é justamente contra estes é que o poderio do time mais capacitado tem que aparecer. E assim foi feito: o Cruzeiro jogou como se fosse um jogo decisivo (não, confirmar a liderança na primeira fase do estadual não dá esse caráter à partida). Ricardo Goulart entrou na vaga do suspenso Diego Souza e promoveu a mesma intensa movimentação de jogos anteriores, e foi o senhor da partida.

O Nacional se entrincheirou numa espécie de 4-3-3 defensivo, contra o 4-2-3-1 costumeiro de Marcelo Oliveira. Os três da frente estreitavam e bloqueavam a saída pelo meio, mas deixavam as laterais livres. Além disso, os volantes cruzeirenses não eram pressionados e buscavam a bola no pé dos zagueiros para iniciar o jogo, quase sempre jogando para um dos laterais. E dali, a bola circulava tranquilamente para os três armadores, trocando de posição a todo momento.

Sem a bola, o Cruzeiro pressionava no alto do campo, com muita sede de roubar a bola. Foi a pressão alta mais intensa até aqui no ano. Quando o Nacional tinha a bola, não tinha muito tempo pra pensar, pois o quarteto ofensivo do Cruzeiro encurtava os espaços dos zagueiros, obrigando ao chutão ou passe errado. Os gols saíram naturalmente, em erros do Nacional provocados pela marcação intensa do Cruzeiro e ataques velocíssimos.

Todos os quatro jogadores de frente participaram dos dois primeiros gols: no primeiro, o tiro de meta ruim veio parar nos pés de Goulart, que de letra achou Everton Ribeiro, que finalizou de fora da área. No segundo, Borges se desloca e tabela com Dagoberto, deixando o companheiro na cara do gol. Já o terceiro foi uma jogada dos defensores: Nilton a Bruno Rodrigo, que de peito passou a Leo dentro da área. O zagueiro cruzeirense ainda marcaria mais um de cabeça em bola parada, ainda no primeiro tempo.

No segundo, o time desacelerou, naturalmente. Mesmo assim, Élber completaria a goleada “roubando” a bola na jogada individual de Ricardo Goulart, tamanha a facilidade que o Cruzeiro criou na partida, muito devido à sua própria atuação.

Outro ponto a se destacar é que, nas raras vezes em que era marcado em seu próprio campo, o Cruzeiro evitava ao máximo a bola longa para o ataque. O objetivo era manter a bola nos pés e construir a jogada de trás. É uma mudança sutil de postura, mas que revela como Marcelo Oliveira quer sua equipe.

Perspectivas

Notadamente, existe uma preocupação da torcida e da crítica em geral com o setor defensivo do Cruzeiro. Quase todos localizam a instabilidade nos zagueiros, mas este blogueiro pensa que o problema está na volância. Leandro Guerreiro e Nilton são bons marcadores, mas não estão com funções definidas. Não sabemos quem sai mais e quem fica mais (pense em Paulinho e Ralf, por exemplo).

Mas, Dedé chegou. E com ele a segurança na zaga que a torcida precisava. Porém, estou esperando muito mais os testes de Henrique ou Lucas Silva no meio para ver como se encaixam neste time. Aparentemente, Lucas Silva jogará neste domingo contra o Tupi, mas não será um 4-2-3-1 e sim num 4-3-1-2 losango ao lado de Tinga, com Nilton no suporte e Diego Souza na ligação. Terá liberdade para atacar. Sorte para o garoto.

Ademais, o time está se encaixando mais rápido do que esperávamos, e não só o time titular. O Cruzeiro hoje tem mais do que 11 titulares, e isso é um luxo que poucos times no Brasil podem ter. O esquema base está definido, variações estão sendo treinadas e têm dado certo em determinadas situações de jogo. Podemos esperar, sim, um bom ano em 2013.

Seis pontos que não empolgam

Neste fim de campeonato, o Cruzeiro já não tem maiores pretensões, nem corre mais riscos. Isso somado ao fato de já estar anunciado aos quatro ventos que Celso Roth não será o técnico celeste em 2013, faz este blogueiro perder um pouco do entusiasmo em analisar taticamente a equipe. Nem há novidades táticas ou experimentações, nem vale para fazer uma previsão de uma base tática para o ano que vem.

Assim, analisarei por alto as duas últimas partidas do Cruzeiro, surpreendentemente, duas vitórias, mas que também não dizem nada.

Cruzeiro 3 x 1 Bahia

No que me parece uma contradição, justo quando Montillo está fora, o time vai a campo num 4-2-3-1. Tinga pelo centro da linha de três armadores não é novidade, visto que o volante jogou assim contra o Palmeiras no primeiro turno. A novidade mesmo foi a escalação de Leandro Guerreiro na zaga — não como um líbero, como o volante fez em algumas partidas deste ano, mas como zagueiro de área mesmo, em dupla com Thiago Carvalho. Momento técnico fraco dos zagueiros cruzeirenses ou falta de persistência de Celso Roth? Nunca saberemos.

O certo é que Sandro Silva e Marcelo Oliveira foram escalados na dupla volância, e Fabinho entrou pelo lado direito, com Martinuccio pela esquerda e Anselmo Ramon na referência. A marcação encaixou com o 4-2-3-1 baiano, mas com Marcelo Oliveira tendo mais liberdade para subir a apoiar o ataque, o que transformava o Cruzeiro momentaneamente em um 4-3-3 clássico, ou 4-1-2-3. Em “casa” (entre aspas porque o Independência não é a casa de verdade do Cruzeiro), o time celeste teve mais a bola, mas o domínio era somente nesse quesito. Anselmo não conseguia concatenar as jogadas e Tinga estava visivelmente tendo dificuldades para ser o ponto de rotação da equipe.

Os abundantes erros de passe geravam inúmeros contra-ataques da equipe visitante. Isso aliado ao mau posicionamento na transição defensiva (recomposição quando o time perde a bola) fez com que Fábio salvasse algumas vezes o gol, mas sem conseguir evitar que ele acontecesse, numa falha de marcação que deixou Fahel totalmente livre dentro da pequena área.

O time foi para o vestiário sob fortes vaias da torcida, que pegava mais no pé de Sandro Silva e Fabinho. Mas Celso foi teimoso — como nosso presidente — e mandou o mesmo time de volta. Com vantagem no placar, o Bahia cedeu mais campo ao Cruzeiro e tentou somente se defender, mas Martinuccio não deixou. Em escanteio pela esquerda, a bola é desviada por Anselmo Ramon e acha o argentino, livre de marcação, na direita da pequena área, para mandar um bico e ver a bola rebater no amontoado de jogadores do Bahia que protegia a linha do gol e entrar.

Com o empate, o Cruzeiro foi pra cima, mas pecava demais no último passe e no excesso de cruzamentos — velho problema. Para se ter uma ideia, o Cruzeiro é o segundo time que mais cruza bolas na área (média de pouco mais de 21 por jogo), mas é somente o 14º em aproveitamento destes cruzamentos: apenas 1 a cada 5 chega até o jogador, e nem todos são garantia de finalização.

A virada só viria num contra-ataque, em que estranhamente o zagueiro do Bahia desistiu de roubar a bola de Anselmo Ramon após o centro-avante receber de costas e proteger. Com o espaço cedido, Anselmo esperou até o momento certo para mandar a bola por cima para Martinuccio, que partia em velocidade. O argentino pegou de primeira e fez um golaço.

Sandro Silva, o mesmo que a torcida pegou no pé no intervalo, fez duas faltas para amarelo em minutos de diferença. A torcida ainda iria sofrer um pouco mais. Após a expulsão, deu pra ver da arquibancada Everton e Fábio conversando sobre o posicionamento. Everton postou as duas mãos uma na frente da outra, com o polegar guardado: duas linhas de quatro. Diego Renan, Leandro Guerreiro, Thiago Carvalho e Everton protegiam a área, e à frente William Magrão (que entrou no lugar de Tinga), Marcelo Oliveira e Martinuccio. Anselmo Ramon permanecia à frente para fazer retenção da bola no novo 4-4-1.

O Bahia bem que tentou. Rodou a bola, inverteu as jogadas e tentou abrir a defesa, mas não chegou nem perto de ameaçar Fábio. Eu diria que a postura defensiva do Cruzeiro com dez homens em campo foi exemplar. Até que veio o lance da expulsão de Mancini em um lance com Souza. Com a igualdade numérica, o jogo ficou mais franco, e veio ser definido num lance improvável. Jogada pela direita, Souza passa a William Magrão meio sem querer e o volante finaliza por cima, encobrindo Marcelo Lomba e fazendo um belo gol.

Não foi a melhor atuação cruzeirense, mas uma das mais sólidas. Detalhe que essa foi apenas a segunda virada do Cruzeiro no Brasileiro deste ano — a primeira tinha sido contra o Botafogo no Engenhão, ainda no início do campeonato. É difícil relacionar a melhora psicológica à mudança do esquema, mas acredito que a nova formação possa ter dado a confiança necessária, e assim a equipe conseguiu virar o jogo, mesmo sob pressão da torcida.

Cruzeiro 2 x 0 Fluminense

Com Montillo de volta, Celso Roth voltou ao 4-3-1-2 losango. No lugar de Martinuccio, fora por força de contrato, entrou o jovem garoto Élber. A suspensão de Sandro Silva abriu espaço para Charles ser o vértice baixo do losango de meio, com Marcelo Oliveira pela esquerda e Tinga pela direita. Ceará voltou à lateral direita e Guerreiro foi mantido na zaga.

O Fluminense, já campeão, entrou no mesmo 4-2-3-1 de sempre. Sem Wellington Nem, Abel escalou Rafael Sóbis, Deco e Thiago Neves atrás de Fred. Mas a letargia pelo título antecipado e a festa que viria após o jogo, com a cerimônia de entrega da taça — como foi em 2003, quando Alex ergueu o Campeonato Brasileiro diante de um Mineirão lotado, contra o mesmo Fluminense — talvez tenha feito os jogadores do Fluminense não se doarem tanto.

Mesmo assim, há que se destacar que o Cruzeiro fez uma partida sólida defensivamente. O time da casa não conseguiu espaço para jogar, mesmo tendo Deco para desafogar o meio. O luso-brasileiro não conseguiu levar vantagem sobre a marcação de Charles. Sóbis apagado do lado esquerdo e Thiago Neves igualmente do lado direito. Sem ser abastecido, Fred não foi ameaça, e assim, o 1 a 0 com o pênalti sofrido por Anselmo Ramon e convertido por Montillo era o placar mais justo.

Na segunda etapa, o Cruzeiro ampliou a vantagem logo no início, e não deu chances de reação ao Fluminense. Em contra-ataque rápido puxado por Montillo, Élber ganhou de dois marcadores meio atabalhoadamente e ficou cara a cara com Diego Cavalieri, que não alcançou a finalização no cantinho do garoto. Com isso, o Cruzeiro passou a usar a mesma arma que o Fluminense usou durante todo o campeonato: esperou em seu próprio campo e partia na transição ofensiva, popularmente conhecida como contra-ataque.

No fim, o Fluminense veio pra cima e tentou marcar o gol de honra, mas Rafael mostrou que quando Fábio não está disponível, nada temos a temer. Fez grandes defesas, parando inclusive o artilheiro Fred, e garantiu o zero no placar adversário.

Coritiba e Atlético/MG

As últimas notícias dão conta de que Celso Roth vai escalar Montillo e Martinuccio num 4-2-3-1, com Fabinho fazendo o lado direito atrás de Wellington Paulista (Anselmo Ramon está suspenso). Diego Renan deve entrar na lateral esquerda, para poupar Everton de receber o terceiro cartão e ficar fora do clássico. Mas isso pode acabar sendo uma boa, já que Diego é mais defensivo que Everton e isso ajudará Martinuccio no trabalho defensivo, ao perseguir o lateral adversário.

Ainda não é o que eu gostaria, já que eu colocaria Montillo aberto na esquerda e Martinuccio na direita — insisto nos ponteiros de pés invertidos. Mas só de ter a linha de três com os dois argentinos já acredito que será uma das melhores partidas do Cruzeiro no ano. Estarei vendo de perto, quem sabe pela última vez no Independência. Ano que vem é Mineirão.

Cruzeiro 0 x 4 Santos – O ocaso de Roth

A combinação de erros infantis com o imenso talento de Neymar resultaram em um hat-trick para o jovem santista e humilhação para o Cruzeiro em pleno Independência.

O estranho híbrido de 4-3-1-2 losango com 4-2-3-1 tendo Charles caindo pela direita e Sandro Silva se deslocando lateralmente, tudo por causa de Neymar

Ao contrário do que se esperava, Celso Roth não entrou com seu losango bem definido, mas com um híbrido entre este e um 4-2-3-1 torto, tudo para tentar parar Neymar. O pobre goleiro Fábio teve a linha defensiva formada por Ceará à direita, Rafael Donato e Mateus no miolo de zaga e Éverton pela esquerda. Leandro Guerreiro à frente da defesa, como de costume, mas tendo Sandro Silva perseguindo o camisa 11 santista e Charles com mais liberdade para se juntar ao ataque pelo lado direito. Montillo de ponta-de-lança, Martinuccio de ponteiro esquerdo, e Anselmo Ramon brigando com os zagueiros, na frente.

O Santos veio num esquema parecido. Rafael Cabral teve Bruno Rodrigo e Durval como dupla de zaga, flanqueados por Rafael Galhardo pela direita e Juan pela esquerda. Adriano ficava mais plantado, liberando Arouca e Henrique para se juntar ao trio Felipe Anderson no topo do losango, Neymar caindo mais pela esquerda mas com liberade de movimentação, e André centralizado.

A partida começou disputada e com a disputa no meio até certo ponto equilibrada, mas com os marcadores de Neymar falhando miseravelmente em suas missões. Sandro Silva, Rafael Donato, Mateus — todos, um a um, penaram para segurar a joia santista. Além de excelente driblador e finalizador, o jovem camisa 11 também consegue se posicionar de forma inteligente, enganando totalmente os volantes e zagueiros azuis.

O primeiro gol saiu de uma receita de bolo. Passo 1: pressione a zaga do Cruzeiro até um dos jogadores errar. Passo 2: Quando isso acontecer, você vai estar em uma posição de campo muito boa, bastando acrescentar qualidade para finalizar. E o Santos tinha isso em Neymar. Arouca passou como quis por Everton e achou o garoto dentro da área, que finalizou de primeira.

Para “desespero” de Celso Roth, o gol santista fez o Cruzeiro sair de sua cautela. Ao contrário dos últimos jogos, era Ceará o lateral que mais apoiava, e Éverton ficava mais preso, muito devido à presença de Felipe Anderson por ali. A “inversão” do comportamento dos laterais é surpreendente. Talvez a intenção de Celso fosse tentar explorar o espaço às costas de Neymar, que não ajuda na recomposição, fazendo dois contra um em Juan. Era Charles que ajudava por ali, e Montillo também caía por aquele lado. Porém, o jogo do Cruzeiro sob Celso Roth é cruzamento na área, sem qualquer alvo específico. Com Mateus, Donato e Anselmo Ramon na área, é bola alta pelos lados. Não existe jogada pelo chão.

Então veio o erro de Mateus em um ataque aparentemente dominado, culminando no segundo gol do Santos. A partir daí, foi um show de horrores, muito bem aproveitado pelo time visitante. Fábio evitou uma desvantagem maior ainda no primeiro tempo.

No intervalo, Celso tentou (?) colocar o Cruzeiro no jogo novamente, lançando Fabinho no lugar de Sandro Silva, que nada fez (nem marcar). O 4-2-3-1 era o que devia ter sido feito desde o início, mas com Ceará um pouco mais preso para tirar o espaço por onde Neymar joga. Porém, com dois gols de desvantagem, não havia alternativa senão atacar, e o Cruzeiro correu o risco. Ceará e Fabinho combinavam bastante pela direita, mas o resultado sempre era um cruzamento infrutífero.

E o risco de avançar apareceu no terceiro gol. Lateral cobrado com rapidez, Neymar com um toque bota a bola na frente e avança em velocidade. Não havia ninguém por ali para marcá-lo, e ele achou Felipe Anderson dentro da área, sem marcação nenhuma, para completar e matar o jogo.

No fim, Cruzeiro já sem forças, nem mesmo desesperado, apenas esperando acabar o jogo. Seria um 4-2-3-1 ou um 4-3-3? Não ficou claro

Jogo resolvido, o Santos se limitou a atacar no erro do Cruzeiro. E conseguia, porque o Cruzeiro errava demais. Celso Roth tirou Rafael Donato e lançou William Magrão na zaga — uma substitução técnica, não tática. Magrão não melhorou o combate. E pro fim, para a ira da torcida, sacou Martinuccio, um dos que mais lutava, para lançar Wellington Paulista dentro da área caindo pela direita, com Fabinho indo para o lado esquerdo. Substituição errada, mas coerente com a linha de pensamento do treinador: bola na área pra ver o que acontece. Não aconteceu nada.

Muricy só fez substituições para poupar seus jogadores, mantendo a mesma plataforma do início ao fim. E conseguiu até com facilidade segurar o frágil Cruzeiro, que vai caindo pelas tabelas. Celso Roth não vai continuar, e este jogo marcou, definitivamente, o fim de seu comando. Assim como o Cruzeiro, o treinador só vai cumprir tabela até o fim do campeonato.

Felizmente, o Cruzeiro só não tem chance real de descenso porque fez um bom início de campeonato, contra todos os prognósticos. Que não estavam tão errados, afinal.

Meio-campo em losango: prós e contras

De volta com o blog mais tático da torcida cruzeirense, analisaremos as duas últimas partidas do Cruzeiro no Brasileirão 2012, as frustrantes derrotas para Palmeiras e Ponte Preta. Em ambas as partidas, Celso Roth insistindo em começar o jogo com seu 4-3-1-2 com meio-campo em losango que, convenhamos, já está claro que não deu e não vai dar certo, simplesmente porque os jogadores que existem no elenco hoje não tem as características para fazer esta formação funcionar.

Neste post, entretanto, a análise será feita de forma diferente. Analisarei a formação em si, sem aplicar a uma equipe específica, e assim concluiremos se o atual desenho tático celeste é ou não é eficaz.

Um breve histórico

O 4-3-1-2 losango teve origem no Flamengo em 1941, com o técnico Flávio Costa. Ele girou o quadrado de meio do W-M (ou 3-2-2-3, esquema mais usado no mundo naquela época) e fez o lado esquerdo ficar mais à frente do direito. Porém, essa mudança acabou dando origem ao 4-2-4, sistema no qual o Brasil venceu a Copa de 58. Com o passar do tempo, foi ficando comum nesse sistema que um dos meio-campistas ficasse mais preso para dar proteção à linha defensiva, e isso combinado à obsessão dos argentinos por um jogador criativo principal, um número 10 clássico, fez a Argentina da Copa de 1966 resgatar a formação, dessa vez como um verdadeiro 4-3-1-2, e definiu as bases para a concepção moderna do sistema: um volante preso flanqueado por dois jogadores “vaivém” — carilleros, como são conhecidos na Argentina, o único país, aparentemente, a dar um nome específico à função.

Geometria no meio-campo

O 4-3-1-2 losango pode também ser descrito como um 4-1-2-1-2, isso porque à frente da linha defensiva, um jogador permanece plantado para “quebrar as ondas”, como descreveu Viktor Maslov, técnico do Dínamo de Kiev na década de 60 e também um dos adeptos do sistema. De cada lado, os jogadores mais importantes da formação: os carilleros, que vamos chamar aqui de meias. À frente destes, o maestro e principal articulador da equipe, um meio-campista ofensivo, logo atrás dos dois atacantes. Visto de cima, o desenho do meio-campo forma um losango, e por isso a denominação. Em inglês, essa formação é chamada de “the diamond” (diamante).

Controle do centro

A principal vantagem do losango é que ele provê uma plataforma sólida pelo centro do campo. Ela permite a uma equipe manter a posse da bola com a movimentação inteligente dos jogadores e bons passes curtos, devido ao maior número de jogadores no setor, tanto na fase defensiva quanto na ofensiva. Portanto, é uma formação destinada a controlar o jogo a partir do centro do campo, com posse de bola.

Flancos problemáticos

Porém, os mesmos fatores que levam o losango a ser forte no centro fazem o desenho ser vulnerável pelos lados. Essa é a maior fraqueza do sistema: contra-ataques rápidos pelos lados são fatais. Mesmo que os carilleros se movam para ajudar pelos lados, sempre haverá espaços a serem cobertos, principalmente contra um ataque rápido. Ofensivamente, a fraqueza dos lados também se revela no sentido de que não há profundidade pelos lados do campo. Além disso, se não houver adaptações, toda a criatividade do time se resume a um único jogador, o que pode ser facilmente contido com uma marcação forte.

Jogadores para um losango ideal

Pode-se compensar a falta de amplitude ofensiva de duas formas. Uma é ter laterais ofensivos, e a outra é ter meias que saibam jogar. Em ambos os casos, a profundidade lateral será provida por esse jogador, que ainda aliviará a pressão criativa sobre o único armador da equipe. Assim, em cada lado do campo, é ideal que exista um jogador capaz de avançar e se juntar à iniciativa ofensiva, seja um lateral ofensivo, como Daniel Alves e Léo Moura, e/ou um meia de bom passe, como Xavi. Também é possível empregar um segundo atacante rápido em um lado do campo, mas o outro tem que ser necessariamente coberto por um lateral ou um meia.

Na ponta de cima do losango, um jogador criativo, passador, que dite o ritmo e aiba ler o jogo antecipadamente é fundamental — Alex é um dos melhores exemplos.

E o Cruzeiro atual?

Com o esquema destrinchado, fica fácil identificar os problemas. De cara, os companheiros do volante preso Leandro Guerreiro deveriam ser volantes com bom passe. Quando eles apareceram em determinados jogos, foram inexplicavelmente sacados do time, como Lucas Silva e Diego Árias. Arrisco dizer que a fase em que o colombiano jogou foi a melhor fase do sistema atual. A insistência de Roth com volantes marcadores, como Marcelo Oliveira, William Magrão e Charles, só faz o problema aparecer ainda mais.

No topo do losango, é preciso ter um camisa 10 típico, o enganche, como é chamado na Argentina. Teoricamente, este jogador seria Souza, mas o veterano não conseguiu dar padrão à equipe nestes dois últimos jogos. Mas talvez isso tenha acontecido porque ficou sobrecarregado, pois o time não tinha amplitude de ataque, e com isso ninguém dividia com ele a responsabilidade de pensar o jogo. Facilita a marcação.

E esse jogador não é Montillo. Não, não estou louco, e repito: Montillo não é camisa 10. Ok, ele é o camisa 10 do Cruzeiro, mas não é um camisa 10. Montillo é um ponteiro, rápido e driblador. Não estou inventando, é só pegar exemplos de sucesso por aí: Cristiano Ronaldo, Ribery, Robben, Lucas, Neymar. Todos são ponteiros: o antigo ponta, mas recuado para o meio-campo para combater o lateral adversário.

Nas laterais, Ceará é uma boa escolha, mas tem que estar 100% fisicamente. Tem cumprido funções mais defensivas pelo lado direito, principalmente porque do outro lado Éverton tem se mandado para o ataque com mais frequência, e feito bem este papel. Defensivamente é que o volante-lateral tem deficiências que podem ser corrigidas.

No ataque, a presença de Anselmo Ramon no ataque é um indício da contradição entre o desenho tático e a estratégia. O losango, como dito, tem como premissa controlar o meio-campo, e no entanto o Cruzeiro é um time de ligação direta. Principalmente porque não tem qualidade no meio para passar a bola. Assim, bola para o Anselmo disputar no alto ou fazer o pivô e esperar a chegada dos companheiros.

Martinuccio tem feito bem seu papel como segundo atacante, mas sofreu com a marcação nas duas últimas partidas. Estreou bem e se tornou logo uma boa opção de saída de bola, mas os outros técnicos também assistem a jogos do Cruzeiro e logo trataram e marcar o lado forte do ataque celeste. Martinuccio, porém, é como Montillo: rápido e driblador. Ou seja, ideal para ser um ponteiro.

A conclusão é que temos alguns jogadores sim que podem ser utiliazdos com sucesso no esquema, mas nas posições mais cruciais — os meias e o armador — os jogadores que temos não são os melhores para as funções.

O início do fim

Já é quase certo que Celso não permanecerá na próxima temporada. Por isso, as especulações não param de surgir. Numa enquete realizada o site Bloguerreiro, do cruzeirense PC Almeida, o argentino Jorge Sampaoli, discípulo de Marcelo Bielsa, foi eleito o preferido pela torcida, e eu assino embaixo. Sampaoli seria um sopro de novidade no futebol brasileiro, principalmente na parte tática. Seus princípios são um futebol ofensivo sempre, independente do resultado, e marcação pressão. Mesmo com a derrota da La U, seu atual time, para o São Paulo na Sulamericana, Sampaoli disse ficar “orgulhoso” de seus jogadores, porque a equipe atacou sempre. Uma filosofia que vai de encontro à linha histórica de times ofensivos e vistosos do Cruzeiro.

Um sinal claro de que o cruzeirense não quer mais do mesmo é que Felipão e Luxemburgo foram opções vencidas: já os considero ultrapassados. Também figuraram na lista Adilson Batista (que tem muita rejeição mas seria um bom nome, desde que se atualizasse) e Marcelo Oliveira (ex-Coritiba, atual Vasco e atleticano, ou seja, não). A imprensa ventilou também Enderson Moreira, atual técnico do Goiás. É uma aposta arriscadíssima, principalmente devido à falta de experiência de Enderson em um time de ponta e toda a pressão que isso acarreta. Mas ele vem fazendo um bom trabalho no Goiás — inclusive fazendo uma substituição criticada pelo comentarista da TV, mas que acabou por ser determinante no gol fora de casa que eliminou o Atlético Mineiro na Copa do Brasil deste ano.

Amanhã irei ao Independência na esperança de ver um outro esquema de jogo. Qualquer outro que não o losango já servirá. Se não, pode escrever aí: o Ceará vai sofrer com o Neymar.

Cruzeiro 2 x 0 Corinthians – Feliz 2013

Em uma partida bem sonolenta, o Cruzeiro conseguiu marcar gols na fraca defesa reserva do Corinthians e ainda contou com a falta de ímpeto do ataque adversário para sair com a vitória. Destaque mais uma vez para Martinuccio, autor de uma assistência e um gol, mostrando que deve ser titular jogando pelo lado do campo.

O 4-3-1-2 losango costumeiro sofreu com a falta de compactação no meio quando o Corinthians fez pressing. E quem joga pela direita do ataque neste time?

Celso Roth não abriu mão do sistema e mandou um 4-3-1-2 losango a campo, com Fábio no gol, Ceará e Everton nas laterais e Léo e Thiago Carvalho no miolo de zaga. Leandro Guerreiro protegia a defesa e era ajudado por William Magrão pela direita e Marcelo Oliveira pela esquerda. Montillo mais uma vez foi escalado na ligação para Martinuccio aberto pela esquerda e Anselmo Ramon na referência.

O Corinthians de Tite esteve longe de ser o time com muita movimentação tática da Libertadores. Dentre jogadores poupados, lesionados e convocados, o imutável 4-2-3-1 corintiano veio com Wallace e Paulo André protegendo no gol de Cássio e flanqueados por Weldinho na direita e Guilherme Andrade na esquerda. Guilherme e William Arão na dupla volância suportavam o trio de meias composto por Edenílson na direita, Douglas centralizado e o experiente Danilo na esquerda. À frente, Romarinho tentava ser um atacante de movimentação.

Pressing

Logo de cara já dava para ouvir os gritos de Tite na transmissão do jogo pela TV, dizendo para o time encurtar os espaços. É a característica da equipe paulista sob a batuta do técnico gaúcho: pressionar a saída de bola adversária. E nos primeiros minutos isso funcionou muito bem. O quarteto ofensivo do Corinthians subia a marcação e fazia os zagueiros e volantes do Cruzeiro cederem a posse da bola com chutões ou passes ruins. Assim, o Cruzeiro teve menos a bola no início do jogo, com muita dificuldade de saída.

Isto também acontecia porque, como já explorado neste blog antes, o losango de Celso Roth com Marcelo Oliveira e William Magrão pelos lados faz o time ficar “divorciado”, já que a principal função desses jogadores é a de marcar. Porém, os volantes do Corinthians também não se juntavam à movimentação ofensiva, e o Cruzeiro conseguia repelir os ataques adversários pelo simples fato de ter maior número de jogadores. Os volantes faziam dois contra um junto com os laterais nos meias abertos, Romarinho sofria ante a marcação dos dois zagueiros e Douglas era vigiado com qualidade por Leandro Guerreiro, fazendo com que a bola passasse pouco pelos pés do meia. Apenas Danilo conseguia levar algum perigo quando conseguia se desvencilhar de Ceará.

Cruzeiro ataca

Ofensivamente, o Cruzeiro jogou como sempre no início: bola longa para Anselmo Ramon, que disputa no alto para que a sobra fique com Montillo ou Martinuccio, ou então faz o pivô esperando a chegada dos companheiros. Aos poucos, a pressão alta corintiana foi arrefecendo e o Cruzeiro foi tendo mais espaços para jogar, principalmente pelo lado esquerdo com Martinuccio. Foi por ali que saiu o primeiro gol: o argentino recebeu passe de Montillo e fez assistência rasteira para Anselmo Ramon, no meio dos zagueiros, completar.

Porém, o outro lado do ataque era praticamente abandonado pelo Cruzeiro. Montillo preferia cair pelo lado esquerdo, uma vez que tinha companhia pra jogar no setor. Ceará pouco apoiava, principalmente por estar vigiando Danilo, e William Magrão, mais uma vez, fez uma partida ruim, sem saber se atacava com profundidade, marcava no meio-campo ou marcava o lateral esquerdo. Ainda não está claro qual é a função do volante neste esquema de Celso Roth. Provavelmente o jogo seria mais fácil se Élber estivesse jogando naquele setor, dando amplitude e profundidade ao mesmo tempo.

Ainda no primeiro tempo, Montillo sentiria uma fisgada na coxa e seria substituído por Souza. Dois jogadores com características bem diferentes, já que um parte com a bola dominada e é intenso, enquanto o outro cadencia mais, toca a bola e faz o time rodar. E foi exatamente isso que aconteceu: o primeiro tempo acabou cadenciado, sem intensidade.

Segundo tempo

Após o intervalo, os treinadores pareceram ter dito a seus times para continuarem assim, porque nenhuma mudança foi feita. Nem mesmo tática ou de postura. Assim, Cruzeiro mais com a bola no pé, mas procurando o gol da tranquilidade, e o Corinthians seguro, repelindo as investidas celestes numa tentativa de achar um gol num erro do adversário.

Ironicamente, foi num contra-ataque que o Cruzeiro ampliou. Bola roubada ainda dentro da grande área de defesa, sobrando para Souza. Bem ao seu estilo, o veterano meia conduziu, olhou, levantou a cabeça e viu Martinuccio do lado esquerdo. O argentino, destaque do jogo, cortou pra dentro do campo e tabelou com William Magrão, numa das poucas ações ofensivas produtivas do volante. Na cara do gol, Martinuccio deu uma cavadinha para vencer Cássio e consolidar a vitória.

As alterações promovidas pelos treinadores pouco mudaram taticamente, e o jogo seguiu para um final melancólico, só quebrado com a inusitada estreia do chinês Zizao no time adversário. Ele é ponteiro, jogou aberto pela esquerda. Mas pura jogada de marketing do time paulista para vender camisas no país mais populoso do mundo.

Conclusão

O Cruzeiro venceu o jogo, e até com certa facilidade, mas é preciso entender que este time do Corinthians está longe de ser o mesmo que venceu a Libertadores, com muita movimentação do quarteto ofensivo, tanto com quanto sem a bola. Talvez a pressão alta seja a característica mais marcante do time de Tite, e que só esteve presente no início do jogo.

E, enquanto foi feita, funcionou, demonstrando a dificuldade que o Cruzeiro tem em fazer ligação do meio com o ataque quando recupera a bola. Montillo não volta para buscar a bola e armar o time, essa não é a característica dele. Talvez por isso não seja tão bom escalá-lo na função de ponta-de-lança do losango de meio. Só faria sentido se os volantes pelos lados fosse bons com a bola e participassem constantemente das ações ofensivas, o que não é o caso de Marcelo Oliveira e William Magrão.

Com a vitória, enterramos de vez qualquer possibilidade de irmos parar no mesmo lugar que nossos rivais já foram. Assim, já é o caso de se pensar neste problema para 2013, ou seja, é preciso ter um volante-meia que tenha qualidade de chegada no ataque, ou então dois, para fazer este losango funcionar.

Entretanto, como vocês sabem, eu prefiro outro sistema de jogo. Mantenho as esperanças de que, um dia, um treinador do Cruzeiro perceberá que Montillo não é camisa dez como os brasileiros pensam: ele é ponteiro. E assim será feito o 4-2-3-1 com ponteiros argentinos de pés invertidos. Será que o Sampaoli faria isso?

Tomara que sim.