Sport 2 x 1 Cruzeiro – Era simples

(nota: este texto está sendo escrito após a derrota vergonhosa contra o Figueirense, portanto pode estar um pouco mais carregado do que deveria.)

O futebol, na maioria das vezes, não é simples nem lógico. Mas na partida entre Cruzeiro e Sport, no último fim de semana na Ilha do Retiro, o futebol foi exatamente isso: lógico, simples. Mas nosso treinador não conseguiu enxergar isso, fez as mexidas de sempre que alteraram apenas a característica dos jogadores sem alterar o sistema, e por isso amargamos a segunda derrota seguida.

Acompanhe o raciocínio: ganha o jogo quem faz mais gols, certo? Mas faz mais gols quem cria mais chances, e quem cria mais chances é quem tem mais a bola nos pés. Para ter mais posse é preciso ganhar o meio-campo, e para isso é só ter mais jogadores no setor. Logo, quem tiver domínio do meio-campo — por consequência — pode fazer mais gols e vencer. É claro que na maioria das vezes não é assim, mas nesta partida foi o que aconteceu.

O 4-3-1-2 losango cruzeirense que sofreu no meio-campo com o 4-3-3-0 do Sport e com um esquema falho de cobertura a Everton

Cruzeiro de Celso Roth no mesmo 4-3-1-2 em losango das últimas partidas: Fábio no gol, defesa com Léo mais preso na direita, Donato e Mateus na zaga e Everton bem avançado na esquerda; meio-campo com Sandro Silva no pé do losango, Tinga e Charles pelos lados e Montillo à frente; ataque com Wallyson pela direita voltando com o lateral e WP centralizado.

Waldemar Lemos deve ter ligado para seu irmão, Oswaldo de Oliveira, técnico do Botafogo, e pegado umas dicas. A isso, ele adicionou suas próprias armas e escalou o Sport num 4-3-3-0. Isso mesmo: sem centro-avantes, com um volante mais plantado e dois mais avançados, e três meias. Saulo no gol teve Cicinho (aquele mesmo) pela lateral direita, Edcarlos e Diego Ivo na zaga e Willian Rocha na lateral esquerda; Tobi foi o volante plantado, liberando Rithely e Moacir para se juntarem ao trio ofensivo formado por Felipe Azevedo aberto na esquerda, Gilsinho pela direita e o falso nove Hugo.

Basicamente, eram seis jogadores do Sport contra quatro do Cruzeiro no meio-campo. Sem qualidade de passe, o Cruzeiro recorria à ligação direta e até ganhava algumas bolas, mas a segunda bola era sempre do Sport, pelo simples fato de ter dois a mais no meio-campo — setor onde a maioria das bolas aéreas era disputada. Assim, o Sport teve mais posse de bola do início ao fim da partida — 57,16% contra 42,84%, a segunda pior posse do Cruzeiro no campeonato — e não perdeu o controle do meio-campo em nenhum momento. O Cruzeiro ainda saiu na frente, com Wallyson em jogada de velocidade e marcação pressão, e teve outras chances de marcar. Mas foi muito mais porque era ligeiramente superior na técnica do que pelo sistema tático, mesmo com Montillo praticamente inexistente no jogo.

Some-se a isso o fato de o Sport ter executado muito bem sua própria proposta tática — e o Cruzeiro cair na armadilha. Um falso nove é assim chamado porque joga centralizado, aparecendo na área para concluir como um centro-avante, mas não fica preso a ela e volta para compor o meio-campo, buscar a bola e participar da articulação. É uma espécie de híbrido entre um 10 e um 9 clássicos. E a principal vantagem de usar um jogador nessa função é a de abrir espaços para os companheiros explorarem, arrastando adversários consigo e tirando-os do caminho. Os melhores exemplos são os gols do Sport: no primeiro, Rithely aparece sozinho, sem ser incomodado, para cabecear com muito mérito de primeira por cima de Fábio, adivinhando que o goleiro sairia do gol para “abafar” o lance.

O segundo gol ainda teve um agravante: o buraco na esquerda da defesa, que causava um efeito cascata. Everton jogava avançado e, nos jogos anteriores, sempre tinha a cobertura de um dos três volantes, transformando o time num 4-2-3-1 temporariamente. Mas desta vez isso não aconteceu, e quem teve que ir cobrir as costas do lateral-volante era o zagueiro Mateus. Com isso, Sandro Silva afundava na zaga para recompor, ora na direita, ora dentro da área, fazendo o número de jogadores no meio ser ainda menor. Às vezes nem isso acontecia e o buraco simplesmente ficava lá: veja na imagem abaixo o momento do segundo gol, de Gilberto, que tinha acabado de entrar no jogo. Ele tabelou com facilidade com Rithely e apareceu exatamente no espaço aberto para decretar a virada.

Um hectare de espaço para Gilberto

Nem cabe uma análise mais aprofundada, porque o jogo foi praticamente inteiro assim. Diego Renan entrou no lugar de Donato, empurrando Leo para a zaga e mantendo o esquema; Tinga saiu para a entrada de Lucas Silva, também sem alterar a formação. A única nota tática quase não-digna de menção foi a entrada de Anselmo Ramon no lugar de Wallyson. Anselmo foi jogar dentro da área com WP, acabando por incentivar ainda mais o chuveirinho e a bola longa, ao invés de atacar o problema principal: o meio-campo sem posse de bola.

No fim da partida, Celso Roth disse que foi uma derrota inexplicável, que era jogo para ganhar. Concordo com a última afirmação apenas, porque em relação à primeira, é só ler o que eu escrevi aí em cima.

Reitero: o futebol vai contra a lógica em muitas ocasiões. Mas quando ele vai com a lógica, é preciso perceber isso. Se na derrota para o Botafogo o treinador teve pouca culpa, nesse caso o revés cai sim, infelizmente, nos ombros de Celso Roth.

Cruzeiro 3 x 0 Náutico – Virada tática

Depois de tomar um baile tático no primeiro tempo, Celso Roth errou na primeira mas acertou na segunda substituição, abrindo caminho para o maior placar cruzeirense do Campeonato até aqui.

Wallyson muito centralizado no 4-3-1-2 losango inicial do Cruzeiro, estreitando o time e facilitando a marcação encaixada do superlotado meio-campo do Náutico

Primeiro onze

Roth repetiu o sistema pelo quinto jogo seguido, mandando a campo um 4-3-1-2 losango formado por Fábio no gol, Léo novamente mais preso na lateral direita, Everton mais solto na esquerda, e Rafael Donato e Mateus fechando o centro da defesa. De volta ao time, Leandro Guerreiro foi a base do meio-campo, que ainda tinha Tinga pela esquerda e Charles pela direita. Substituto do vetado Montillo, Souza foi o homem de ligação no topo do losango, pensando o jogo para Wallyson e Borges.

Alexandre Gallo certamente estudou as partidas do Cruzeiro. O Náutico entrou armado num 3-4-2-1 variava para um 3-5-1-1, lotando o meio campo. O gol de Gideão foi protegido por Ronaldo Alves, Alemão e Jean Rolt. No meio, uma linha defensiva alta, com Patric na direita correndo por todo o flanco com Everton, João Paulo na esquerda tentando explorar as costas de Léo, e Dadá e Souza combatendo muito pelo centro, junto com Martinez, que tinha mais liberdade para se juntar ao ataque formado por Lúcio atrás de Araújo.

Alta densidade demográfica

Logo nos primeiros minutos já ficava claro a tônica da primeira etapa: o time visitante, com dois homens a mais no meio-campo, tinha mais opções de passe e ficou mais com a bola no pé. Os jogadores cruzeirenses apertavam a marcação, mas sempre havia um pernambucano livre. Porém, com poucos alvos à frente, o meio-campo do Náutico não produziu nada muito incisivo. As principais jogadas do adversário vinham pelos flancos, principalmente pelo esquerdo, onde Léo ficava mais preso e esperava o avanço do ala esquerdo João Paulo.

A superlotação do setor central fazia o Cruzeiro ficar sem espaço para pensar o jogo quando tinha a bola, recorrendo a passes arriscados e errando a maioria deles, aumentando ainda mais a posse de bola do time adversário. Com o tempo, o Cruzeiro passou a ignorar o meio-campo e procurar a ligação direta, mas Borges não tem perfil de disputa pelo alto e quase sempre perdia. E mesmo quando ganhava, a segunda bola era sempre do Náutico, pelo simples fato de ter mais gente por perto.

A ponta direita

Outro fator tático interessante do primeiro tempo foi a postura de Wallyson. Como em quase todos os esquemas com três zagueiros, as áreas mais vulneráveis do sistema pernambucano eram os flancos de sua defesa. Quando o time adversário tem um jogador aberto no ataque, ou um zagueiro tem que sair da área para cobrir, ou o ala perde a vantagem de marcar à frente e tem que recuar. Infelizmente, Wallyson não repetiu as boas atuações táticas das últimas partidas e insistia em ficar próximo a Borges, talvez numa tentativa de fazer número. Do outro lado, Everton não apoio tanto devido ao posicionamento alto de Patric, mas mesmo assim criou algumas boas jogadas, como no passe recebido de Souza por cima da defesa em velocidade.

No intervalo, as equipes não mexeram nas peças, mas Celso Roth percebeu o problema na ponta direita e chamou a atenção de Wallyson, que voltou jogando mais aberto. Imediatamente a equipe melhorou de produção e chegou a criar três boas oportunidades, todas pela ponta direita e com a participação de Wallyson. O bandeira deu três impedimentos seguidos. Estranhamente, o time parou de jogar por ali, recorrendo cada vez mais às bolas longas para a disputa pelo alto e tentativa de pegar a sobra — o chamado jogo de “primeira e segunda bola” que Celso Roth tanto menciona em suas entrevistas quando se refere ao tipo de jogo praticado no Independência.

Um erro e um acerto

Aos 15 minutos, os primeiros movimentos dos treinadores: Gallo mandou Kim, mais veloz, na vaga de Araújo, e Lúcio deu lugar a Rogerinho. O sistema permaneceu. No Cruzeiro, Celso Roth tirou Charles, contundido, e lançou Wellington Paulista. Estava claro que ele queria insistir na disputa pela primeira bola no alto, e WP consegue fazer isso melhor do que Borges. Mas o novo 4-3-3 cruzeirense tinha ainda menos jogadores no meio, e tomou um susto justamente no flanco que Charles protegia — o direito. Kim passou por Donato e tocou a João Paulo, que entrava sem marcação na área. Ele centrou, mas Souza não conseguiu finalizar.

Roth então iluminou-se e tirou Wallyson do jogo, mandando Élber fazer a função de ponteiro direito, um pouco mais longe da área, fechando o lado, mas aberto e procurando a velocidade. E mal o garoto entrou, já criou problemas: três lances de perigo pelo lado direito, o terceiro resultando na falta que originou o primeiro gol. O gol foi um lance de oportunismo de Borges, mas na opinião deste blogueiro, era questão de tempo, com o lado esquerdo pernambucano sendo explorado por Élber com qualidade.

Espaço

Após as alterações, Élber explorando a vulnerabilidade do flanco esquerdo do Náutico e Sandro Silva igualando o número de jogadores de meio, no 4-3-2-1 que pendia para a direita

Gol este que mudou o panorama da partida. O Náutico, naturalmente, teve que abandonar sua estratégia de lotar o meio-campo e atacar. Gallo gastou sua última cartada mandando o atacante Romero a campo no lugar do volante Dadá. Os três zagueiros permaneceram compondo a última linha do agora 3-4-1-2 pernambucano. Um minuto depois, Borges sairia para a entrada de Sandro Silva, e assim o Cruzeiro tinha dois volantes puramente de marcação à frente da área — um 4-3-2-1 torto: cinco contra cinco no meio, mas sem um jogador pela esquerda do ataque.

Mas não fez diferença, porque quem ultimamente tem dado amplitude pela esquerda é Everton. Foi com ele que nasceu o segundo gol, em uma belíssima linha de passe. Everton puxou o contra-ataque por aquele lado, tocou a WP que estava aberto pela esquerda. Num altruísmo surpreendente para um atacante, WP devolveu a Everton, que já estava pelo meio. Ele viu Élber do outro lado, vindo como um raio e sem marcação — da forma como Wallyson devia fazer desde o primeiro tempo. O jovem dominou e fuzilou no canto esquerdo alto de Gideão.

O segundo gol matou a reação pernambucana, que desistiu de marcar pressão em cima do campo e ficou assistindo a defesa cruzeirense tocar a bola. Era só esperar o apito do árbitro, mas ainda havia tempo para mais. Tinga, que não fez uma boa partida nem técnica nem taticamente, explorou a defesa avançada e entregue do Náutico, alcançando a linha de fundo e centrando rasteiro para WP fazer o dele no fim da partida.

Conclusão

A vitória pode ter sido a maior do Cruzeiro no campeonato, mas não pode esconder alguns erros táticos cometidos, principalmente no primeiro tempo. Wallyson voltou a oscilar taticamente, e com isso seu jogo técnico também cai. Além disso, Celso Roth precisa arrumar um jeito de sair da armadilha dos 3 zagueiros e a consequente lotação do meio-campo, se quiser continuar jogando com o 4-3-1-2 losango.

Mas há pontos positivos. Everton, que foi muito contestado no início do ano — e mesmo neste campeonato no jogo contra o Grêmio — mais uma vez, demonstrou consistência pela esquerda: por ora, o problema da lateral está, no mínimo, atenuado. Na direita, Léo jogou “improvisado” — por falta de uma palavra melhor — pela terceira vez seguida, também sem comprometer. E Élber, um garoto ainda, mostrando ter competência para ser um reserva que pode mudar a cara da partida, principalmente jogando na função de ontem: ponteiro pela direita. Já vislumbro um time com Montillo e Élber de ponteiros…

Celso Roth disse na entrevista coletiva que torce para que o tão sonhado “equilíbrio” esteja começando a ser encontrado. É o que todos torcemos, e que, pelo menos a princípio, parece mesmo estar sendo alcançado.

Atlético/GO 0 x 2 Cruzeiro – Pobre, mas eficiente

Jogando totalmente fora das características históricas do Cruzeiro, com aplicação defensiva de maneira até perigosa, o Cruzeiro conseguiu vencer o Atlético/GO no “enorme” Serra Dourada ontem em Goiânia e começa a dar sinais de uma base construída. Não agrada aos olhos, mas foi eficiente e nesse momento é o que o clube precisa.

Formações iniciais

O mesmo 4-3-1-2 losango dos últimos três jogos: lateral subindo com o apoio de um volante na cobertura, atacante aberto voltando com o lateral adversário, Montillo caindo pelas pontas. Seria o princípio de uma base?

Celso Roth repetiu o 4-3-1-2 losango dos últimos três jogos, mas não o onze inicial. Fábio no gol teve Léo novamente à sua direita, Everton à sua esquerda e Rafael Donato e Thiago Carvalho centralizados à sua frente. Com a suspensão de Leandro Guerreiro, Sandro Silva assumiu a base do losango, com Charles à esquerda, mais recuado cobrindo os avanços de Everton, e Tinga à direita, mais à frente fazendo quase uma dupla com Montillo, o enganche. À frente, Wallyson caindo pela direita e voltando com o lateral, e Borges enfiado entre os zagueiros.

O Atlético/GO veio no mesmo sistema, mas os dois atacantes ficavam mais centralizados, fazendo o time ficar mais estreito. O gol de Márcio era protegido por Gustavo e Reniê, que por sua vez eram flanqueados pelo ofensivo Diogo Campos à direita e Eron à esquerda. Defendendo a área, Dodô era ajudado por Marino pela direita e Ernandes pela esquerda. Wesley era o responsável pela ligação para Ricardo Bueno e Patric.

Com as marcações bem encaixadas, tudo virava uma questão de estratégia. E já no início ficava claro a de Celso Roth: marcar atrás, com as linhas bem compactadas, e sem fazer pressão alta, correndo atrás do adversário. Muito se falou do tamanho do campo; de fato, o Serra Dourada é o maior campo do Brasileirão, com 110 m x 75 m, mesmas dimensões do antigo Mineirão mas bem maior que o novo Independência (105 x 68). Por isso, o jogo mais lento, mais cadenciado, tanto pela falta de marcação pressão do Cruzeiro como pela tentativa do Atlético de rodar o time, trocando passes na linha do meio-campo.

Entretanto, quando recuperava a bola, o Cruzeiro era intenso. Partia logo para a definição, sem trocar passes, sem muita paciência. Isso por que nem nossos volantes nem Montillo tem característica de cadenciar o jogo. Assim, o Cruzeiro teve pouca posse de bola, porque resolvia rápido: aos 8, já havia finalizado duas vezes contra nenhuma do Atlético/GO, que àquela altura já ficava mais tempo com a bola.

Montillo

Outra nota tática interessante é que, com os laterais desprotegidos, já que seu meio-campo e ataque eram muito estreitos, Montillo acabou conseguindo criar muitas oportunidades quando combinava com os jogadores abertos pelos flancos. Assim saíram boas jogadas com Everton pela esquerda — que tinha liberdade para avançar com a cobertura de Charles — e assim saiu o escanteio que originou o gol, em jogada de Wallyson com Montillo pelo lado direito. Oportunismo puro de Borges, num lance em que ainda teve a participação de Léo dentro da área.

Depois do gol, o Cruzeiro retraiu ainda mais, tentando sair nos contra-ataques. Mas foi exagerado. O Atlético conseguia chegar até a intermediária e ficava tocando, rodando, tentando achar uma brecha, mas as linhas de marcação do Cruzeiro estavam muito bem postadas. Mesmo assim, às vezes aparecia um buraco, que só não era aproveitado pelo time da casa porque os jogadores faziam escolhas erradas no último passe. Fábio só foi fazer uma defesa, que nem foi tão difícil assim, aos 39 do segundo tempo.

Mas tanto o Atlético martelou que conseguiu um pênalti, aos 40, cometido por Wallyson no lateral esquerdo Eron numa jogada de ultrapassagem. Pra nossa sorte — que todo bom goleiro também tem que ter — Márcio mandou pra fora.

Na saída para o intervalo, Borges disse que não estavam marcando no avançado porque o campo é grande demais, o que confirmou a estratégia pensada pelo treinador celeste.

Segundo tempo e alterações

O Atlético/GO voltou com duas alterações: Reniê, contundido, deu lugar a outro zagueiro, Diego Giaretta, e Joilson entrou na vaga de Marino. O sistema se alterou levemente, já que por ser um pouco mais ofensivo, Joilson às vezes dava para o time uma cara de 4-2-2-2, tentando se aproximar de Wesley e dos atacantes.

O Cruzeiro voltou o mesmo. Tanto na escalação, quanto no sistema, quanto na estratégia: marcando atrás, compactado, sem dar espaços entre as linhas. Os jogadores do Atlético tinham todo o tempo do mundo para levantar a cabeça e olhar o jogo, mas não faziam isso com qualidade, e o jogo seguiu na mesma toada, mas desta vez com o Cruzeiro também com poucas chances.

O Cruzeiro manteve o 4-3-1-2 até o fim do jogo, com linhas compactadas, losango de meio quase planificado negando espaços — mas com medo de se afastar da própria área

Aos 8, Montillo saiu, preservado, para a entrada de Souza. O tipo de jogo que se desenhou era perfeito para o veterano meia: cadenciado, com ritmo baixo e espaço para passar a bola. Foi o que ele fez, segurando a posse, esperando a movimentação dos companheiros e passando. A domínio goiano arrefeceu um pouco, e o Cruzeiro acabou avançando suas linhas, permanecendo compactado. Mas logo o Atlético achou um caminho por cima da defesa, apesar de o atacante estar em claro impedimento. Fábio salvou o gol e o erro da assistente, e o time ficou com medo de se afastar da própria área.

Celso Roth tentou solucionar o problema mandando Wellington Paulista para o jogo no lugar de Borges, com a intenção de reter a bola, fazendo o pivô. E em seu primeiro lance, ele conseguiu segurar a bola e passar a Tinga, que numa jogada típica de Montillo, ia ganhando de seu marcador até ser empurrado dentro da área. Pênalti que WP converteu e não comemorou.

Com a vantagem, o Cruzeiro se retraiu de vez e se contentou e aguentar a pressão do time goiano até o apito final. Diogo Campos, atacante que jogava na lateral direita, saiu para a entrada de Felipe, que também é atacante, mas que foi jogar no meio. Com isso, Joilson foi fazer o lado direito, mas mais centralizado. Roth então tirou Everton e pôs Diego Renan, que é melhor marcador, para fechar ainda mais aquele lado e acabar com qualquer tentativa do time da casa. Fábio nem foi ameaçado e os três pontos vieram.

Conclusão

Um jogo taticamente desinteressante, apesar da boa atuação defensiva do Cruzeiro. Na opinião deste blogueiro, entretanto, foi uma estratégia exagerada: não era necessário ficar tão atrás, tão longe dos jogadores com a bola do Atlético/GO. O tamanho do campo não pode servir de desculpa. Também, o trabalho defensivo foi facilitado pela má qualidade do time adversário, que também não fez boa partida. Fosse um time um pouquinho mais técnico, certamente o resultado não seria tão bom.

De qualquer forma, Celso Roth parece ter realmente gostado do 4-3-1-2 losango (apesar da partida em Curitiba). O treinador achou um jeito de dar amplitude pela esquerda do ataque, com o volante esquerdo cobrindo os avanços de Everton. Do outro lado, Fabinho/Wallyson parecem ter encontrado seus lugares no campo, e quando Ceará voltar, terão ainda mais companhia para sobrecarregar o lado esquerdo adversário. No meio-campo, Leandro Guerreiro é titular absoluto na base do losango, e Montillo no topo, combinando com os jogadores abertos: resta saber quem serão os volantes de lado de confiança do treinador. Lucas Silva pra mim merece uma sequência.

Vamos torcer para que encaixemos mais duas vitórias em casa no mesmo sistema, ganhando tranquilidade e confiança, para diminuir a instabilidade no campeonato.

E quem sabe voltar a ser o Cruzeiro de futebol vistoso e ofensivo, que todos gostamos e estamos acostumados a ver.

Cruzeiro 2 x 2 Atlético/MG – Justiça

Este artigo era para ter outro título, mas diante do gol irregular, mas chorado, feito na raça, eu resolvi mudá-lo. Afinal, o Cruzeiro não merecia perder em um jogo que conseguiu executar tão bem sua estratégia de anular as principais peças adversárias — pelo menos enquanto havia onze da cada lado.

Formações

O 4-3-1-2 losango cruzeirense do primeiro tempo, que anulou o quarteto ofensivo do Atlético Mineiro com Guerreiro marcando Ronaldinho e Leo de lateral preso perseguindo Bernard

Como previ no artigo anterior, Celso Roth escalou um time totalmente diferente dos três que apresentei como opção, e escalou um 4-3-1-2 losango: o gol de Fábio foi defendido por Thiago Carvalho e Matheus na zaga, já que Léo foi para a lateral direita, com Everton do outro lado. Leandro Guerreiro, centralizado à frente da área, teve Lucas Silva pela esquerda e Tinga pela direita. No topo do losango, Montillo criava para Fabinho, mais aberto pela direita, e Borges, enfiado entre os zagueiros.

O Atlético veio no 4-2-3-1 já manjado de Cuca, com Victor debaixo dos paus, Marcos Rocha na lateral direita, Júnior César na lateral esquerda, e Réver e Leonardo Silva fazendo a dupla de zaga atrás dos volantes Pierre e Leandro Donizete. Na frente, o quarteto ofensivo e maior arma da equipe: Ronaldinho flanqueado por Danilinho na direita e Bernard na esquerda, atrás do centro-avante Jô.

Duelos

No encaixe de marcação, Fabinho recuava acompanhando Júnior César, para evitar o dois contra um deste e Bernard em cima de Léo. Léo, aliás, fez uma partida excelente, praticamente tirando o veloz meia-esquerda adversário da partida. Do outro lado, Lucas Silva repetiu a excelente movimentação do jogo contra o Bahia e deu a segurança necessária para Everton  — naquela ocasião foi Ceará — se aventurar na frente. Foi assim que saiu o primeiro gol: Montillo, caído, teve excelente visão de jogo e achou o volante-lateral no campo de ataque, livre de Danilinho, que era o seu marcador natural. Ele avançou e fez excelente cruzamento para Wallyson tomar à frente de Júnior César e vencer Victor no seu primeiro toque na bola, em substituição ao lesionado Fabinho.

No meio-campo, Ronaldinho era praticamente figura nula no jogo, muito devido ao bom trabalho de Leandro Guerreiro. O camisa 5 vencia quase todas as disputas, e quando perdia, obrigava o ex-melhor do mundo a fazer um passe sem perigo, para o lado ou para trás. Ronaldinho só aparecia nas bolas paradas — obras do senhor apitador, que marcava quase todas as disputas aéreas vencidas pelo Cruzeiro como cargas faltosas, sem usar o mesmo critério do outro lado.

Essas faltinhas perto da área começaram a me lembrar o jogo contra o Coritiba. A nossa sorte é que Ronaldinho errou quase todas as cobranças. Só no escanteio é que ele conseguiu acertar (mais ou menos), achando Jô na primeira trave, que desviou para trás e Leonardo Silva acertou um chute que nunca mais vai acertar na vida, num dos últimos lances do primeiro tempo.

Depois das expulsões

Os times vieram sem alterações no intervalo. Era previsível, porque o Atlético, apesar de ter dominado a posse de bola no meio-campo, foi muito bem marcado pelo Cruzeiro e ofereceu pouco perigo. Fábio não fez praticamente nenhuma defesa difícil. Portanto, ambos os treinadores, dentro de suas propostas, queriam ver mais de suas equipes.

Mas aí choveu. Primeiro foi só um copo, depois um pedaço de bolo, que gerou um entrevero entre Bernard e Leandro Guerreiro. E aí caiu uma tempestade DE copos d’água. Sete minutos depois, Guerreiro e Bernard levaram o amarelo, que era o segundo para os dois: o atleticano porque discutiu com Matheus no primeiro tempo, e o cruzeirense porque reclamou corretamente de uma carga faltosa marcada pelo juiz ao disputar bola com Jô pelo alto.

Após as expulsões, Cruzeirou ousou num 4-2-1-2, que equilibrou a posse de bola, mas não substituiu o marcador de Ronaldinho que teve mais espaço que deveria

O Cruzeiro perdeu mais com a saída de Guerreiro do que o Atlético com a saída de Bernard. Os treinadores não mexeram nas formações, com o Atlético com sem um jogador aberto pela esquerda, onde estaria Bernard, num 4-2-2-1, e o Cruzeiro sem um volante na frente da área, espaço que foi ocupado com o recuo de Tinga e Lucas Silva, num 4-2-1-2. Porém, a marcação não era mais tão forte em Ronaldinho, que começou a aparecer, rodando a bola e cadenciando o jogo. A marcação do Cruzeiro nos outros jogadores, porém, continuava forte.

Quase no fim, Pierre fez falta forte em Montillo e levou o segundo amarelo, fazendo 10 contra 9. Na cobrança da falta, o cruzamento é afastado pela defesa atleticana, e a bola sobra para Ronaldinho e Marcos Rocha. Eles trocam passes, Marcelo Oliveira (que havia entrado no lugar de Everton, também lesionado, sem alterar a formação) dá o bote, mas erra. Marcos Rocha, único alvo possível de um passe, está marcado e Ronaldinho avança. É desafiado por Lucas Silva, mas também passa por ele, invade a área e é novamente combatido por Marcelo Oliveira, que quase consegue desarmá-lo, mas a bola fica para o pé direito do meia. De frente para Fábio, escolheu o canto e marcou.

Nem só devido a erros coletivos é que se sofrem gols. Existe mérito do outro lado, e esse — infelizmente para nós — é um exemplo clássico.

Empate na raça

O mundo estava de cabeça para baixo: o Atlético vencia o Cruzeiro com dois gols tecnicamente bonitos, e o Cruzeiro é que era o time aguerrido. Quem diria — os papéis históricos estavam invertidos. Mas se era para ser assim, então que fosse: o Cruzeiro foi com tudo e Fábio nem apareceu mais na imagem da TV. Os últimos minutos foram de pressão constante, com MUITAS bolas levantadas na área e muita gente para finalizar. Foi muito perigoso, porque um contra-ataque ali seria mortal.

No que parecia ser o último lance, Júnior César tentou ganhar tempo, o juiz deu mais um minuto corretamente, e nesse minuto, Montillo fez falta, não marcada pelo péssimo árbitro, e o Cruzeiro recuperou a bola, achando o argentino aberto pela esquerda, que cruzou para o pé bom do zagueiro Matheus dentro da área. A bola ainda bateu na trave antes de decretar o justo empate do Superclássico.

Conclusão: o diamante

Normalmente, não gosto de falar em justiça, porque sempre acho o resultado justo. Jogar melhor, como já disse aqui, é executar melhor a sua estratégia do que o adversário. A do Cruzeiro era ser reativo, a do Atlético era propor o jogo, e por isso, no primeiro tempo, o Cruzeiro jogou melhor. No segundo, com as expulsões, as coisas se equilibraram, e por isso, a derrota teria sido injusta na modesta opinião deste blogueiro. Por isso, também, troquei o título original deste artigo, que era “Tempestade de copos d’água”. Era um trocadilho, caso saíssemos de campo com a derrota, para não fazermos do eventual revés um problema maior que seria.

Um aspecto digno de nota: exceção feita à virada contra o Botafogo no Engenhão, foi a primeira vez no Campeonato que o Cruzeiro ficou atrás no placar e conseguiu buscar o empate. Bom para o psicológico da equipe, que é tão importante quanto a tática.

Taticamente, aliás, aparentemente terei que dar mão à palmatória e assumir que o Cruzeiro vem funcionando bem nesse 4-3-1-2 losango, esquema do qual não sou fã. Montillo é meia-atacante, e não um meia clássico que volta par buscar o jogo e dar ritmo, girar o time: o argentino é sempre intenso. E por isso precisa de um trio de volantes que saiba jogar também. Lucas Silva e Tinga me parecem ter ganhado a condição de titulares, junto com  Guerreiro, que infelizmente está suspenso para o próximo jogo. Resta saber quem será o companheiro de Borges no ataque, já que Fabinho se contundiu e também está fora da abertura do returno. Wallyson é o candidato natural, e Ceará deve voltar à lateral direita.

Em inglês, o losango de meio é chamado de diamond — diamante. Se o losango vingar, podemos dizer que Celso Roth achou um diamante numa mina que não era nada promissora. Mas como diria um treinador que fez fama por aqui, “vamos aguardar”.

Coritiba 4 x 0 Cruzeiro – Passando mal

Em seu pior jogo do ano, o Cruzeiro conseguiu levar quatro gols do Coritiba, dois de bola parada e outros dois de contra-ataque. Mas todos têm uma origem comum: a má execução do fundamento mais primordial do futebol — o passe. Sem isso, não há formação tática que seja suficientemente boa.

O 4-3-1-2 losango inicial do Cruzeiro, com Fabinho acompanhando o lateral e Marcelo Oliveira fechando o lado, e que conseguiu 20 minutos de equilíbrio, mas parou por aí

Sem Léo, Everton e Charles por suspensão, Borges, Victorino e William Magrão por lesão, e Montillo e Leandro Guerreiro preservados para o clássico, Celso Roth levou todos os jogadores restantes do elenco para Curitiba, e mandou a campo um 4-3-1-2, com o losango do meio formado por Sandro Silva no vértice baixo, Lucas Silva e Marcelo Oliveira pelos lados e Souza no topo. À frente do gol de Fábio, Rafael Donato e Thiago Carvalho fizeram a dupla de zaga, flanqueados por Ceará e Diego Renan. No ataque, Fabinho caindo pela direita e Wellington Paulista centralizado.

Marcelo Oliveira — o técnico do Coritiba — escalou o time da casa em seu costumeiro 4-2-3-1, com Vanderlei no gol, Ayrton pela direita da defesa, Luccas Claro e Escudero no miolo de zaga e Lucas Mendes pela esquerda. Júnior Urso e Chico protegiam a área atrás do trio formado por Robinho, Everton Ribeiro e Rafinha — desta vez aparecendo pela esquerda. Roberto foi o centro-avante solitário.

A única nota tática interessante dessa partida foi durante os 20 minutos iniciais, quando o jogo ainda estava equilibrado. No Cruzeiro, Marcelo Oliveira fechava pelo lado esquerdo para acompanhar as investidas do lateral direito Ayrton, e do outro lado Fabinho recuava para acompanhar Lucas Mendes, fazendo um 4-2-3-1 sem a bola. E com nenhum jogador levando vantagem claramente sobre seu marcador, o jogo seguia sem muitas chances de parte a parte. Aos poucos, o Coritiba começou a dominar o meio-campo, com mais amplitude mais bem postado, afinal era um 4-2-3-1 oficial, diferente da variação que partia de um losango do time cruzeirense.

O Coritiba alternava pressão alta e bloco médio, forçando o Cruzeiro a começar a errar passes e, por consequência, cometer faltas. Primeiro, uma falta perto do círculo central, que foi seguida de uma outra mais perto da área. Na cobrança, falha geral da defesa do Cruzeiro e principalmente de Marcelo Oliveira — o volante do Cruzeiro — que estava na marcação de Lucas Mendes, o autor do gol.

Estranhamente, o gol não chegou a afetar muito os jogadores do Cruzeiro, que tentaram reequilibrar o jogo. Marcelo Oliveira — o volante — teve a chance de se redimir em passe de Fabinho, mas mandou pra fora. Depois, mais uma falta, e desta vez Ayrton mandou direto: Fábio voou para espalmar. Era o prenúncio do que iria acontecer. Mais uma falta, na mesma posição, e dessa vez Ayrton mandou reto, sem efeito, batendo chapado na bola para ganhar o ângulo contrário de onde Fábio estava, que nem foi na bola. Golaço do lateral do Coritiba.

Aí entrou em campo o décimo segundo jogador de todos os times que jogam contra o Cruzeiro: o Cruzeiro. Pode parecer uma frase semanticamente estranha, mas é isso mesmo. O Cruzeiro ficou nervoso, se perdeu e errou todos os passes que conseguia.

O intervalo pareceria benéfico, para acalmar os ânimos e entrar com outra postura para quem sabe buscar o empate. Celso Roth bem que tentou mexer, tirando Lucas Silva e Diego Renan e mandando Tinga e Wallyson a campo. Marcelo Oliveira — o volante — recuou para a lateral esquerda, Sandro Silva ficaria se volante único atrás de Souza e Tinga armando para o trio de atacantes: Fabinho à direita, Wallyson à esquerda e WP centralizado.

Mas nem deu tempo de ver o que aconteceria. Logo aos três minutos, após uma sequência de disputas de bola perdidas no meio-campo, Ceará chegou a ter domínio da bola e tentou clarear pra frente, mas Rafinha estava no caminho dela, que espirrou em direção à área cruzeirense. Everton Ribeiro, mais bem posicionado que os zagueiros, chegou primeiro na bola, e serviu a Roberto, que ganhou de Marcelo Oliveira — o lateral — na corrida. Fábio fechou o ângulo, e teria conseguido defender a conclusão de Roberto, não fosse a bola ter desviado no pé de Rafael Donato indo morrer do lado oposto do gol.

A partir daí, o nervosismo do primeiro tempo voltou dobrado, e o Cruzeiro não esboçou sequer uma reação, nem mesmo pelo gol de honra. Vendo a situação do adversário, Marcelo Oliveira — o técnico — mandou sua equipe marcar avançado, forçando os zagueiros a bolas longas, ou fazendo os jogadores adversários a errarem passes — e como erraram. Quando raramente acertavam uma sequência, até chegavam perto da área do Coritiba, mas longe de ameaçarem Vanderlei, que sequer tocou na bola no primeiro tempo. Roberto, por sua vez, perdeu um gol incrível dentro da pequena área, sinal claro de que o jogo tinha terminado já no início do segundo tempo.

Aos 12, Marcelo Oliveira — o técnico — mandou o volante Gil no lugar de Robinho, sem alterar o 4-2-3-1, mas com uma desnecessária preocupação defensiva no flanco direito, pois o jogo já estava resolvido e o Cruzeiro entregue. Já aos 19 minutos Celso Roth queimou a terceira alteração, trocando seis por meia dúzia: Anselmo Ramon na vaga de WP. A ideia era, como sempre, segurar a bola na frente para esperar a chegada dos companheiros, mas nem isso o Cruzeiro fazia. Perdia todas as segundas bola e não conseguia dar chutões. As poucas bolas que chegavam eram perdidas pelo centro-avante, e logo o Coritiba retomava a posse e partia novamente, sem pressa, para o campo adversário.

Anderson Aquino, centro-avante, entrou para a saída de Roberto aos 26, e dois minutos depois Lucas Mendes saía para dar lugar ao zagueiro Dirceu. Escudero foi para a lateral esquerda, e o Coritiba manteve seu 4-2-3-1 intacto até o fim da partida. O único momento diferente foi quando Wallyson conseguiu uma finalização colocada no ângulo, mas pra fora. Aos 33, em um escanteio mal cobrado, a zaga do Coritiba tirou e Everton Ribeiro ficou com a sobra, aplicando um chapéu num atordoado Fabinho e mandando um balão para frente, na direção de Rafinha e Anderson Aquino. Ambos partiram do campo de defesa, portanto habilitados, enquanto a zaga do Cruzeiro ficava parada. Tinga foi quem foi atrás da dupla de atacantes do Coritiba, que até demorou para definir, permitindo que Tinga se postasse em cima da linha. Fábio saiu em cima da Rafinha, que passou a Aquino que completou.

Os últimos 13 minutos foram torturantes, e àquela altura eu já queria que o jogo acabasse logo. O Coritiba faria mais gols se quisesse, mas desacelerou e mesmo assim teve chances. O apito final do árbitro foi, quem diria, um alívio. O time do fim do jogo nem merece um diagrama tático.

Na coletiva, Celso Roth disse que já tinha visto o time perder o controle, mas ainda não tinha visto o time entregue, sem reação. E ficou preocupado — palavras dele. De fato: perder por um lance de sorte, acontece. Perder porque o outro time é melhor tecnicamente, acontece também. Ou muitos desfalques, uma mexida errada, um posicionamento tático equivocado — todos motivos normais de uma derrota, sem alarde. Até quando o time perde por errar demais pode ser considerado normal. Em todos os casos o importante é tentar. E nem isso o Cruzeiro fez: desistiu do jogo no terceiro gol.

E contra isso, não há formação tática ou habilidade técnica que resolva.